O deputado federal Julian Lemos, ex-aliado de Bolsonaro, é um dos fortes exemplos de que apenas dinheiro não garante reeleição. Assim como outros sete candidatos do União Brasil, ele recebeu mais de R$ 2,5 milhões do fundo partidário e não se elegeu. Juntando valores de doações, Julian recebeu ao todo R$ 3.186.350,00 e gastou R$3.103.050,56
Em 2018, pelo PSL, foi o décimo parlamentar mais bem votado da Paraíba com quase 72 mil votos. A briga com o presidente ocorreu em 2019, após ficar ao lado do ex-ministro Gustavo Bebianno nas disputas internas de seu antigo partido. Após trair a confiança do presidente, ele viu seus votos caírem pela metade, além de perder o mandato em dezembro próximo.
Mesmo caso é o da campeã de votos em 2018. Quando contava com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), Joice Hasselmannperdeu mais de 1 milhão de eleitores. No entanto, em termos de verba, recebeu 81% a mais de recursos no pleito de 2022: foram R$ 3,2 milhões arrecadados do fundo partidário tucano, conquistando a posição de oitava campanha mais cara entre todos os candidatos. O desempenho não foi tão bom quanto o investimento na candidatura, e ela terminou com pouco mais de 13 mil votos.
”Em geral, candidatos cujos partidos fazem parte de coalizões aumentam a chance de ter mais votos. No entanto, os casos de não reeleição podem estar associados à rejeição desses candidatos ou da falta de proximidade com centros decisórios da política”.explica Carolina Botelho, cientista política da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
No caso de Joice, o rompimento acompanhado do não alinhamento total à oposição pode ter custado a eleição.
Nem a primeira mulher a obter destaque em uma corrida presidencial — em 2006 — escapou da derrota. A alagoana Heloísa Helena (Rede) trocou de domicílio eleitoral para disputar uma vaga pelo Rio e recebeu a confiança do partido: R$ 3,2 milhões do fundo. Como resultado, ela obteve pouco mais de 36 mil votos.
Candidato duas vezes à Presidência, chegando ao segundo turno em ambas, o senador José Serra (PSDB-SP) deu um passo atrás e concorreu à Câmara. Os tucanos apostavam que ele seria um puxador de voto, ou seja, atrairia os eleitores no intuito de fazer com que o partido conquistasse mais cadeiras na Casa pelo quociente eleitoral. Apesar dos 84,4 mil votos, ele ficou de fora da disputa, na qual a sigla elegeu apenas 13 representantes. Vale lembrar que em 2014, o PSDB conquistou 54 vagas. Além de Serra e Hasselmann, outros três tucanos integram a lista de campanhas mais bem financiadas e sem sucesso.
“O PSDB teve uma situação específica de autoimplosão gradativa. O partido fez diversas escolhas ruins nesses quatro anos. O pessoal da nova política não soube fazer o jogo e definhou o partido até a situação em que se encontra”, afirma Carolina Botelho.
Das 37 campanhas mais ricas, quem teve o pior resultado foi a filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson. A influência do pai no PTB, do qual é ex-presidente, garantiu a Cristine, a agora Cris Brasil, a maior parcela do fundo eleitoral. Mas os R$ 2,87 milhões resultaram em apenas 6,7 mil votos.
Com informações de O Globo
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