Opinião

MÁRIO SABINO: Acreditar em Lula é como acreditar que três erros fazem um acerto

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Lula é um sistema de crenças no que não existe. O que existe: é ele quem manda na economia e o seu único plano é ser reeleito

Acreditar que Lula vai cortar gastos é o mesmo que acreditar que não houve mensalão, nem roubalheira na Petrobras.

Acreditar que Lula não quer escorchar os pagadores de impostos é como acreditar que existe banqueiro de esquerda.

Acreditar que Lula não é quem manda na economia é o mesmo que acreditar que a democracia brasileira foi salva pelo PT.

Acreditar que Lula não vai pôr um pau mandado na presidência do Banco Central é como acreditar que o STF vai abrir mão de legislar.

Acreditar que Lula não quer baixar os juros na marra é o mesmo que acreditar que Lula abandonou o álcool.

Acreditar que Lula não transferiu para a conta de luz de todos os brasileiros o prejuízo de uma empresa de energia de amigos bilionários é como acreditar que Lulinha é um gênio capitalista.

Acreditar que Lula vai deixar de usar a Petrobras politicamente é como acreditar que Gleisi Hoffmann é contra o aborto.

Acreditar que Lula tenha outro plano senão o de ser reeleito é o mesmo que acreditar que a esquerda não é antissemita.

Acreditar que Lula gosta de imprensa livre é como acreditar que Lula gosta de ler livros.

Acreditar em Lula é o mesmo que acreditar que três erros fazem um acerto.

Lula é um sistema de crenças no que não existe.

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Opinião

(VÍDEO) Renato Cunha Lima critica Moraes por morte de Cleriston e faz análise do pedido de revogação de prisão do Padre Egídio

O empresário Renato Cunha Lima mostrou toda a preocupação após a defesa do do Padre Egídio de Carvalho entrar com um pedido de soltura do sacerdote ou de mudança do regime de prisão para domiciliar.
”Fiquei sabendo, através do blog do BG, do Bruno Giovanni, que a defesa do Padre Egídio, o meu amigo Sheyner Asfora, grande advogado, requeriu a prisão domiciliar do Padre Egídio, o padre ladrão da Paraíba, o padre que surrupiou por volta de 140 milhões de um hospital filantrópico, agora querem alegar que o Padre Egídio tem aids e que é preciso cuidar da saúde dele em prisão domiciliar”, disse.
Renato continuou o relato relembrando a morte de Cleriston após os atos de 8/1 em Brasília e fez uma análise dos dois casos:
”Eu tô trazendo esse caso porque ontem faleceu, morreu, o patriota Cleriston, lá na Papuda, ele que foi preso depois daquele episódio do 8 de Janeiro, o Cleriston não teve o que provavelmente poderá conseguir, o padre Egídio, que é um relaxamento de sua prisão provisória, ou mesmo a transformá-lo em prisão domiciliar”, lamentou Ronaldo Cunha Lima.

Ele ainda seguiu tecendo críticas ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes que negou julgar os pedidos de liberdade do Cleriston Pereira de 46 anos que não teria participado dos ataques aos prédios públicos e já contaria com um pedido de soltura da Procuradoria-Geral da República desde o dia 1º de setembro.

”Digo isso porque o todo poderoso Alexandre Moraes se negou a julgar os diversos pedidos, não só da defesa, mas o pedido de Habeas Corpus, do próprio Ministério Público, da Procuradoria Geral da República, que reconheceu com laudos médicos contundentes a gravidade da saúde do patriota Clériston. É, Alexandre Moraes, arrumar-se um problema para a sua alma, porque acreditar na justiça dos homens nesse país, a justiça que você faz parte, é muito difícil, mas o seu castigo, o seu juízo, os seus crimes, a outro juiz, maior, muito maior do que você, do que seus pares, nesse triste e tenebroso Supremo Tribunal Federal, haverá de chegar, não tenho dúvidas, não tenho dúvidas. Triste, muito triste e revoltante de indignar qualquer pessoa saber que um preso provisório que não cometeu crime nenhum, porque o Ministério Público não apresenta nenhuma prova de que ele destruiu patrimônio público, de que ele vandalizou, de que eles queriam a derrubada de um governo ou tentativa de golpe, não há nada. E por meses, por ordem do Alexandre Moraes, o Cleriston permaneceu preso, mesmo com todas as autoridades cientes de sua gravidade de saúde, de suas comorbidades, de sua fragilidade de saúde”, finalizou.

entenda o caso

Com um minuto de silêncio, senadores presentes na sessão plenária desta segunda-feira (20) prestaram homenagem a Cleriston Pereira da Cunha, preso em Brasília pelos atos de 8 de janeiro. Cleriston morreu na manhã desta segunda-feira no presídio da Papuda. Ele tinha 46 anos e deixa companheira e duas filhas. Era residente do Distrito Federal.

A homenagem foi requerida pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) e concedida pelo senador Jorge Seif (PL-SC), que presidia a sessão no momento. Segundo Girão, Cleriston não teria participado dos ataques aos prédios públicos e já contaria com um pedido de soltura da Procuradoria-Geral da República desde o dia 1º de setembro.

Blog do BG PB

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Opinião

Ao contrário do que pensa Gilmar Mendes, a PRF é cada vez mais necessária ao Brasil

Foto: PRF/divulgação

Diferentemente do que pensa o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, a PRF é cada dia mais necessária. É uma polícia de excelência, preparada, ao contrário do que o ministro do supremo possa supor.

Excessos, erros e abusos existem, como também existem no Poder Judiciário, em alguns casos com consequências trágicas, penalizando toda a população brasileira. Exemplos não faltam.

Para citar apenas um. Enquanto a PRF bate recordes apreendendo toneladas de drogas anualmente, o STF discute a liberação do porte de drogas, invadindo a competência do Poder Legislativo.

Mas nem por isso ninguém no Brasil está defendendo o fim do Judiciário.

Viva a PRF! Por muito mais PRF no Brasil!

BG

Opinião dos leitores

  1. Para que uma instituição de estado seja criada ou absorvida,tudo passa pelo congresso nacional,e não pelo STF,como sugere Gilmar Mendes,em extinguir a PRF. Cada Poder da república deve atuar dentro das suas competências.

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Opinião

Barroso e um sincericídio desnecessário

Barroso nega ação de bolsonaristas contra Dino por posts sobre urnas | VEJA
Reza a doutrina católica que os sete pecados capitais são a soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça. Ontem, o ministro do STF Luís Roberto Barroso cometeu um oitavo pecado capital, diria eu: o sincericídio.

Não é novidade que o magistrado nunca morreu de amores por Jair Bolsonaro e seus aliados. E a frase “perdeu mané, não amola”, dita a um eleitor que questionava a idoneidade das urnas em novembro do ano passado, personificou a antipatia de Barroso ao ex-presidente – e, por consequência, aos seus eleitores.

Ontem, Barroso cometeu outro deslize. Durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) o ministro disse, com todas as letras,“nós derrotamos o bolsonarismo”.

Hoje, Barroso correu para se explicar. Após reações de deputados e senadores da oposição, que ameaçam apresentar um pedido de impeachment, ele veio com a mesma justificativa de sempre: a fala foi tirada de contexto. Na nota oficial, o ministro afirmou que a frase se referia ao “voto popular e não à atuação de qualquer instituição”, em referência ao STF.

Tirada de contexto ou não, a fala representa um acinte à nossa República. É inadmissível, para o bom funcionamento do Estado Democrático de Direito, assistirmos a um episódio como esse. Sejamos sinceros. Todo magistrado tem a suas preferências políticas. Afinal, todos somos humanos. O problema é externar essa preferência publicamente, ainda mais em um evento de caráter partidário (sim, a UNE até hoje é vista como berço de formação política de partidos da esquerda).

Digo mais: em situações normais de temperatura e pressão, um ministro do STF sequer deveria participar de um evento como esse.

Para o bem da democracia brasileira o ideal é que tivéssemos magistrados que voltassem a se manifestar apenas nos autos, não fora deles. Esse tipo de manifestação extemporânea, como a de Barroso, serve apenas para incitar os ânimos mais exaltados e para corroborar as críticas populares ao STF. Definitivamente, a democracia brasileira poderia ter dormido sem essa.

O Antagonista

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Opinião

EDITORIAL ESTADÃO: Lula ‘perdido’ da Silva

Imagem

É difícil acompanhar a política nacional e não se espantar com o fato de que o governo do presidente Lula da Silva não completou cinco meses, mas já está imerso em confusões que o fazem parecer precocemente envelhecido, como se já estivesse padecendo da fadiga de material típica de fim de mandato.

Lula parece perdido. Sabe-se que ele queria governar o País pela terceira vez, ou não teria se submetido, a essa altura da vida, ao desgaste de uma virulenta campanha eleitoral como foi a do ano passado. Mas, até agora, ainda não se sabe exatamente para quê. Afinal, aonde Lula quer levar o Brasil? Qual seu plano estratégico para o País?

Desencontros são naturais no início de qualquer governo. No entanto, não há explicação razoável para tantas crises políticas, em tão pouco tempo, a não ser a desorientação do presidente da República. Mais especificamente, a falta de um programa de governo consistente e de uma política de comunicação que sejam capazes de unir a sociedade em torno de objetivos comuns, malgrado todas as divergências políticas que possa haver entre os cidadãos, como as há em qualquer democracia saudável.

Enquanto as reais intenções de Lula não forem conhecidas, é lícita a inferência de que o presidente só está se movendo por seus caprichos e por sua pulsão pela desforra. É nítida a intenção do petista de demolir tudo o que foi feito de bom no País enquanto o PT esteve fora do poder, em particular o Marco Legal do Saneamento, a Lei das Estatais, a autonomia do Banco Central (BC), as reformas do Ensino Médio e a trabalhista e a capitalização da Eletrobras, entre outras medidas.

Lula pode vir a público e afirmar, como o fez há poucos dias, que “não voltaria à Presidência para ser menor” do que foi em seus mandatos anteriores. Porém, até o momento, isso é exatamente o que se descortina. Lula também pode fazer afagos públicos nas ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, mas nada compensará o fato de que, em nome de uma certa governabilidade, permitiu que o Centrão desfigurasse esses Ministérios que, bem ou mal, serviam para ser a cara do governo petista. Como bem disse o próprio Lula depois da humilhação de suas ministras, “tudo parece normal”.

Em um Congresso infenso às pretensões do presidente, Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) brotam por todos os lados, em número sem precedentes para uma legislatura que mal começou. O que é isso senão o retrato de um governo fraco, como já destacamos nesta página?

Enquanto claudica na articulação para formar uma base de apoio no Legislativo consistente o bastante para aprovar projetos realmente importantes para o Brasil, Lula se perde entre questões distantes das prioridades do País, como a guerra na Ucrânia, sua rixa pessoal contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, suas agressões aos empresários do agronegócio, sobretudo os paulistas, e os endossos aos arruaceiros do MST. Enquanto o mundo já discute como serão as cidades do futuro, Lula dobra a aposta no transporte individual por meio de carros baratos movidos a combustíveis fósseis.

O que haveria de ser pior para o Brasil do que ser governado por um presidente desorientado, alguém que, ao invés de servir à Nação como fonte de estabilidade, funciona como vetor de crises perfeitamente evitáveis?

O País teve a infelicidade de ser governado por um desqualificado como Jair Bolsonaro durante a mais grave emergência sanitária em mais de um século. Seu despreparo e, principalmente, seu descaso com a vida dos brasileiros fizeram de sua gestão da crise, por assim dizer, uma tragédia dentro de outra tragédia. A razia promovida pelo ex-presidente em praticamente todas as áreas da administração pública demandava do sucessor um esforço de união e reconstrução sem precedentes.

Lula se apresentou como a única pessoa à altura dessa tarefa, o líder de uma fenomenal “frente ampla” capaz de reconectar os brasileiros com a esperança de dias melhores. Tempo há para que esse Lula, enfim, apareça. Resta saber se era isso o que ele realmente se propôs a fazer pelo País.

Estadão

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Opinião

EDITORIAL ESTADÃO: Uma Corte constitucional contra a Constituição

Alexandre de Moraes se reúne com ministro da Justiça em São Paulo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes prorrogou por mais 90 dias o Inquérito 4.874, aberto em julho de 2021 para investigar supostas milícias digitais. É a sétima vez que a conclusão do inquérito é protelada. Mais longevo é o inquérito 4.781, de abril de 2019. Ambos foram instaurados sob a justificativa de defender o Estado Democrático de Direito e a independência da Suprema Corte. Mas sua perpetuação está desmoralizando a autoridade da Corte e ameaçando a normalidade do Estado Democrático de Direito.

O inquérito 4.781 (das “fake news”) foi aberto para apurar ameaças na internet à Corte e seus ministros. Foi medida legítima, escorada na lei e no Regimento Interno do STF. Mas já então ela foi lanhada por um vício de origem. Sem justificativa razoável, o relator, Alexandre de Moraes, contrariou o princípio da publicidade e decretou sigilo sobre as investigações – o mesmo que impera sobre o inquérito das milícias digitais.

Desde então, acumularam-se irregularidades. Ainda em 2019, por exemplo, Moraes censurou reportagem da revista Crusoé por suposta injúria ao ministro Dias Toffoli. Pouco depois, o próprio Moraes corrigiu esse erro. Mas outros não tiveram a mesma sorte.

Todo poder emana do povo. O da Justiça também. Mas, ante a capa do sigilo, o povo não pode escrutinar a competência e a legalidade de diversas medidas excepcionais no âmbito desses inquéritos, como a prisão ou censura de representantes eleitos, jornalistas, empresários e influenciadores, quebras de sigilo, bloqueios de contas ou multas exorbitantes.

Além de início, meio e fim, toda investigação deve ter objeto certo e determinado. Mas, sob o pretexto de circunstâncias excepcionais, os inquéritos foram alargados a ponto de conferir à Corte uma espécie de juízo universal de defesa da democracia. Um inquérito de 2019 instaurado para investigar informações fraudulentas e ameaças ao STF foi empregado em 2023 para arbitrar o debate sobre o projeto de regulação das redes digitais, através da censura a manifestações críticas das plataformas. Até denúncias de falsificação do cartão de vacinação do ex-presidente da República e outras autoridades foram fagocitadas pelos intermináveis e indetermináveis inquéritos.

A excepcionalidade dos atentados do 8 de Janeiro também serviu de pretexto a toda sorte de discricionariedade. Contrariando a Lei Orgânica da Magistratura, Moraes se manifestou várias vezes fora dos autos em redes sociais, qualificando investigados como “terroristas” e ameaçando-os com punição implacável. Prisões preventivas foram decretadas de ofício e estendidas arbitrariamente. Prova disso foi a decisão de soltar, entre os presos por alegado envolvimento no 8 de Janeiro, apenas mulheres (149 no total) por ocasião do Dia Internacional da Mulher, como se sua liberdade não fosse um direito fundamental a ser garantido tão logo verificadas as condições legais, mas um beneplácito concedido pelo ministro em razão de uma efeméride.

Em tempos trevosos e turbulentos, o STF prestou grandes serviços à Nação na defesa firme da Constituição. Particularmente importante para a restauração da ordem jurídica foram as retificações de abusos cometidos no âmbito da Operação Lava Jato em nome do combate à corrupção, como as competências extensivas autoatribuídas pela 13.ª Vara Federal de Curitiba, inquéritos sem prazo certo, prisões arbitrárias e outros atropelos do devido processo legal, muitas vezes motivados, como reconheceu a Corte, por parcialidade política.

Se não há no direito brasileiro competência universal para combater a corrupção, tampouco há para investigar todas as ocorrências relativas à Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito. Exceto em condições excepcionalíssimas, inquéritos devem ser conduzidos com transparência e publicidade, e, sobretudo, devem ter objeto determinado e um desfecho, seja a denúncia, seja o arquivamento. É o que determina a Constituição, a lei e a jurisprudência da Corte. Mas, em nome da defesa da democracia, a própria Corte – guardiã da Constituição e instância máxima do Poder Judiciário – as está descumprindo.

Estadão

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Opinião

OPINIÃO ESTADÃO: A revanche como política do governo Lula

Datafolha: 57% consideram justa condenação de Lula, e 51% acham que Fachin  agiu mal ao anular decisões da Lava Jato | Política | G1

O governo tem imensos desafios, porque o País tem imensos desafios: o desafio conjuntural, de cicatrizar feridas abertas pela pandemia na educação, na saúde ou no mercado de trabalho; o estrutural, de criar condições para um desenvolvimento sustentável; e o político, cuja superação é precondição para enfrentar os outros, de apaziguar as tensões que dilaceram o debate público pelo menos desde 2013.

Há sinais de sensibilidade para esses desafios nos recessos da consciência do presidente Lula da Silva. Sua principal promessa de campanha, recorde-se, foi governar com uma “frente ampla democrática”. “Nosso governo não será um governo do PT”, disse ainda no segundo turno. “Não existem dois Brasis”, declarou logo depois de eleito. “Não há tempo para vingança, para raiva, para ódio. O tempo é de governar.”

Mas há um abismo entre esta sensibilidade e a ação. Primeiro, porque falta um plano inovador de governo. Mas, sobretudo, porque dos recessos mais obscuros da consciência do presidente brota forte um sentimento que obnubila o planejamento e a articulação política e sufoca os ânimos conciliatórios que ele diz ter: o ressentimento.

Ante a decisão da Justiça Eleitoral de cassar o mandato do deputado Deltan Dallagnol, por supostamente não atender aos requisitos da legislação eleitoral, um lacônico “nada a declarar” seria a única resposta desejável de um governo responsável e cônscio de que não há tempo a perder para congregar forças aptas a enfrentar os desafios do País. Mas, ao invés disso, o governo petista, como se fosse liderado por crianças pirracentas, encontrou tempo para empregar a máquina do Estado para fabricar memes tripudiando seu desafeto.

Ao invés de jogar água na fervura, o governo sopra a brasa. Mas, muito mais que um desabafo, a euforia juvenil ante os revezes de adversários como Dallagnol sugere nervosismo e até mais: uma estratégia calculada. O governo se inclina cada vez mais a apelar à emoção, ao passado e à polarização para justificar sua presença no Planalto como um muro de contenção à barbárie bolsonarista. Mas essa cortina de fumaça não disfarça a realidade da falta de rumo, de ideias novas e de base. Neste vácuo, o revanchismo se consolida cada vez mais como política de governo.

A educação, por exemplo, precisa de planos para compensar o déficit gerado pela pandemia, de soluções para fortalecer a aprendizagem e a formação dos professores e de um sistema de cursos técnicos e profissionalizantes para enfrentar as transformações do mercado de trabalho. Mas a principal medida do governo foi suspender a reforma do ensino médio. A maior chaga social do Brasil, o saneamento básico, precisa de investimentos e planos consistentes de parcerias público-privadas. Mas o governo empenha-se em desconstruir o Marco do Saneamento.

O revanchismo é flagrante nos ataques à Lei das Estatais ou das Agências Reguladoras, à independência do Banco Central ou ao teto de gastos – marcos criados pelo Congresso justamente para pôr fim à malversação de recursos públicos e à sangria fiscal que grassaram nas gestões petistas, arrebentando a economia e desmoralizando a política.

Ao invés de oxigenar o País com novas políticas, o governo se empenha em reciclar políticas passadas. Ao invés de colocar o País na rota do futuro, enfrentando desafios inéditos do presente, empenha-se em reescrever a história e apagar da memória nacional desmandos como o mensalão, o petrolão ou a recessão, como se fossem mera narrativa e injustiça da oposição. Ao invés de aprender com seus erros e caminhar para frente com o Congresso, empenha-se em desconstruir marcos criados pelo Congresso para sanar esses erros. Mesmo sua proposta mais consistente para promover o crescimento sustentável, o marco fiscal é mais ameaçado pelo próprio PT do que pela oposição.

Qual a chance de se discutir a sério políticas públicas que demandam um mínimo de coesão social e articulação política quando a vingança domina os corações e mentes no governo? Se Lula quer que esse mandato seja seu melhor, precisa refrear em si e na militância o rancor e começar a fazer política de fato. Se, como ele mesmo disse, “é tempo de governar”, então que o faça.

Estadão

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Opinião

OPINIÃO ESTADÃO: Com o MST, Lula quer vingança

À primeira vista, a IV Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada na cidade de São Paulo entre os dias 11 e 14 de maio pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pareceu ser apenas uma reunião festiva entre cooperativas de pequenos agricultores – esses que teriam transfigurado o MST do grupo invasor de propriedades alheias que sempre foi no “maior produtor de arroz orgânico do País”, segundo a mitologia petista – e a juventude urbana que veste o boné vermelho do MST como item fashion para usar na balada.

Mas o evento, na realidade, foi um ato político de arrepiar os cabelos de todos os que se preocupam com o respeito à ordem jurídica, em particular ao direito de propriedade, e acreditam que sem paz social, no campo ou na cidade, não haverá a mais tênue chance de o Brasil ser um lugar atrativo para novos investimentos e trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável. Ao fim e ao cabo, a feira foi pretexto para que o País inteiro visse que o MST conta com mais do que a simpatia da atual administração federal; conta com o endosso do governo Lula da Silva para seus modos truculentos de fazer reivindicações políticas, corriqueiramente afrontosos à Constituição.

A presença maciça de membros do primeiro escalão do governo na feira, poucos dias após Lula em pessoa ter atacado empresários do agronegócio que não lhe nutrem simpatia, sobretudo os produtores paulistas, chamando-os de “fascistas”, não deixa dúvida de que o presidente usa o MST como mais um instrumento de sua vendeta pessoal contra um Brasil que não se deixa enrolar por sua lábia.

A bem da verdade, além da ligação atávica entre PT e MST, a chancela de Lula às práticas do grupo já havia ficado evidente quando o presidente fez questão de levar a tiracolo o chefão do MST, o notório João Pedro Stédile, em sua comitiva durante viagem à China. Não satisfeito com a mera presença de Stédile no séquito, Lula fez questão de que o arruaceiro figurasse na foto oficial do encontro de cúpula entre ele e o presidente chinês, Xi Jinping. Na volta ao Brasil, Lula ainda incluiu o MST entre os membros do chamado “Conselhão”.

O que se viu na feira do MST foi um desfile de ministros de Estado que só não superou a posse presidencial. Boa parte da Esplanada se fez representar no Parque da Água Branca, na zona oeste da capital paulista. Até o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, lá esteve. O cidadão que porventura tenha acordado de um longo coma e lido o noticiário do sábado passado decerto teve um choque ao ver Alckmin ser saudado pelos simpatizantes do MST, entre uma tietagem e outra, como “guerreiro do povo brasileiro”, epíteto que até outro dia era reservado apenas aos mais empedernidos petistas, os mesmos que Alckmin outrora combatia.

À medida que o tempo passa, Lula parece cada vez mais empenhado em deixar claro para o País que aquele líder de uma formidável “frente ampla em defesa da democracia” não passou de uma personagem que ele inventou para posar de pacificador de uma sociedade profundamente dividida. Como presidente, Lula se mostrou incapaz, até agora, de assumir suas responsabilidades como chefe de Estado e de governo, além de aumentar a aposta na radicalização em muitas frentes, apenas com o sinal invertido em relação ao seu antecessor, como forma de manter a coesão de seus apoiadores.

As revelações inequívocas de quão imbricados estão o governo petista e o MST ocorrem justamente no momento em que Lula enfrenta enormes dificuldades para governar o País sem uma base de apoio sólida e confiável no Congresso e sem o apoio da uma parcela significativa da sociedade que não comunga do ideário petista. Em que esses atos de afronta aos brasileiros moderados, ao agronegócio e a seus representantes no Poder Legislativo ajudarão Lula a angariar apoios fora do seu centro gravitacional nesse momento desafiador, só o “gênio político” do presidente é capaz de responder.

Estadão

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Brasil

EDITORIAL ESTADÃO: Lula e a política de destruição de marcos republicanos

Em editorial publicado neste domingo (23) o jornal Estado de S.Paulo criticou a postura adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Que país é esse que estaria de volta?”, indaga o jornal, em relação as afirmações do petista ao bradar que “o Brasil voltou”.

“É seguro afirmar que não é o Brasil pelo qual ansiavam milhões de eleitores moderados”, destaca a publicação. O jornal observa que os brasileiros que deram a vitória apertada a Lula nas eleições, “mesmo conhecendo bem o passado de malfeitos dos governos petistas”, foram descartados pelo petista “cedo demais — e sem o menor constrangimento, haja vista o discurso arrogante e as atitudes do presidente.”

O jornal afirma que Lula tem conduzido o Brasil por um “caminho perigoso”. “O governo tem tomado um rumo que, se não chega a configurar estelionato eleitoral – pois só o mais lhano dos cidadãos haveria de acreditar que Lula, de volta ao poder, faria algo muito diferente do que está fazendo –, tampouco sinaliza que, se não os esqueceu, ao menos Lula teria aprendido alguma coisa com os erros cometidos em um passado não muito distante.”

O editorial continua: “O governo tem tomado um rumo que, se não chega a configurar estelionato eleitoral – pois só o mais lhano dos cidadãos haveria de acreditar que Lula, de volta ao poder, faria algo muito diferente do que está fazendo –, tampouco sinaliza que, se não os esqueceu, ao menos Lula teria aprendido alguma coisa com os erros cometidos em um passado não muito distante.”

Ainda conforme o Estadão, a realidade “implacável” está diante dos olhos de qualquer brasileiro “que não se deixa enviesar pela vaidade ou pelo fervor ideológico”. “É o Brasil do retrocesso em mais áreas do que Lula, alguns de seus ministros e apoiadores teriam coragem de admitir em público.”

Segundo o editorial, era esperado de Lula, “não só por suas promessas, mas, sobretudo, pelo arco de apoios que o petista construiu”, muito mais do que isso.

“O que se viu até agora, no entanto, é igualmente uma política de destruição de marcos republicanos, tais como a lei das estatais, o marco legal do saneamento, a reforma do ensino médio, entre outros. É o voluntarismo megalomaníaco e o improviso de Lula pautando as relações internacionais do país. É o fisiologismo desbragado na relação entre Executivo e Legislativo. É a tolerância à invasão de terras pelos companheiros do MST.”

O editorial finaliza afirmando que o país que tantos anseiam por ver de volta, “com Lula, ao que parece, esse Brasil não voltará tão cedo.”

Revista Oeste

Opinião dos leitores

  1. Triste e dramática realidade que se o descongelado permanecer irá nos jogar em um buraco tão fundo que nunca mais sairemos. Depositamos nossa confiança na CPMI. Somente ela nos salvará.

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Opinião

Smartphones e redes sociais estão destruindo a saúde mental das crianças

F
Foto: Divulgação

Há algo muito errado com os adolescentes. Entre 1994 e 2010, a proporção de adolescentes britânicos que não se consideravam simpáticos caiu ligeiramente, de 6% para 4%; desde 2010, ela mais do que dobrou. A parcela que se considera um fracasso, que se preocupa muito e que está insatisfeita com a vida também aumentou acentuadamente.

As mesmas tendências são visíveis nos Estados Unidos. O número de estudantes do ensino médio que dizem que sua vida muitas vezes parece sem sentido disparou nos últimos 12 anos. E não é apenas na esfera da língua inglesa. Na França, as taxas de depressão entre jovens de 15 a 24 anos quadruplicaram na última década.

Para onde quer que você olhe, a saúde mental dos jovens está entrando em colapso, e o ponto de inflexão é ameaçadoramente consistente: 2010, mais ou menos um ou dois anos –quando os smartphones passaram do luxo à onipresença.

A teoria de que ter as redes sociais e outras delícias digitais ao alcance da mão 24 horas por dia, sete dias por semana, podem ter um efeito prejudicial na saúde mental não é nova. Sua principal defensora é Jean Twenge, professora de psicologia na Universidade Estadual de San Diego e autora de dezenas de estudos pioneiros sobre o assunto.

Mas ainda está longe de ser universalmente aceita. O trabalho de Twenge e seu coautor habitual, Jonathan Haidt, foi às vezes criticado por simplesmente surfar na onda de oposição popular à grande tecnologia. No entanto, à medida que aumentam as evidências de seus argumentos, muitos se perguntam por que demoramos tanto para aceitar o que estava bem na nossa frente.

Os sinais estão por toda parte. Primeiro, a socialização digital deslocou as reuniões pessoais. A porcentagem de adolescentes americanos que se encontram pessoalmente com amigos menos de uma vez por mês era de 3% entre 1990 e 2010, mas chegou a 10% em 2019, enquanto a parcela que diz estar “constantemente online” agora atingiu 46%.

Alguns respondem que não pode ser apenas que os aplicativos estejam atrapalhando a vida real –afinal, as pessoas que estão mais ocupadas no Instagram também costumam ser as mais ocupadas no mundo real. Mas isso deixa de lado uma dinâmica fundamental: essas tendências operam no nível geracional, não no individual. Como o tempo de tela aumentou, todo mundo sai menos para encontrar amigos.

Mas a dinâmica no nível individual também é impressionante. Estudos mostram que quanto mais tempo os adolescentes passam nas redes sociais pior é sua saúde mental. O gradiente é mais acentuado para as meninas, que também passam muito mais tempo nas redes sociais do que os meninos, explicando a deterioração mais acentuada da saúde mental entre garotas.

John Burn-Murdoch – Financial Times / Folha de S. Paulo

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