A queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2021, na comparação com os primeiros três meses do ano, desencadeou uma nova onda de revisões para baixo das estimativas de crescimento do país, já ameaçado pela crise hídrica e pela instabilidade política. Não estão descartadas uma nova recessão — caracterizada por queda da atividade por dois trimestres consecutivos — ou mesmo o pior dos mundos na teoria econômica, a estagflação, que é um cenário sem crescimento econômico, mas com inflação elevada, caso ocorra racionamento de energia.
A retração na atividade econômica anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) interrompeu um processo de recuperação da atividade que já durava três trimestres. O recuo foi puxado pelas quedas de 2,8% na agricultura e de 0,2% na indústria. O escorregão de 3,6% nos investimentos e a estagnação do consumo das famílias (principal motor do PIB que vem desacelerando desde o último trimestre de 2020), também contribuíram para o mau resultado.
Mesmo quem ainda não reduziu as projeções admite que o viés é de baixa. “Os mais otimistas do mercado, que estavam prevendo alta de 6% para este ano, devem ajustar as estimativas para algo mais próximo de 5%, que é o que estamos prevendo. Não vemos como o país possa crescer mais do que isso”, comentou Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, que reduziu de 2,2% para 1,8% a previsão de alta do PIB em 2022. Alessandra diz que o cenário de estagflação “não é o mais provável”, mas não descarta recessão se o risco de apagão aumentar.
Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou a queda na atividade ao afirmar que o PIB “andou de lado”. “A economia voltou em V. Disseram que eu estava em um universo paralelo quando dizia isso, mas estamos crescendo novamente. Hoje saiu um dado, praticamente de lado, de queda de 0,05%, que é arredondado para 0,1%. Se fosse 0,04% seria zero”, disse, em um evento com parlamentares.
Com a queda de 0,1% no PIB, o Brasil perdeu 10 posições no ranking global elaborado pela Austin Rating, e ficou abaixo da média mundial e dos seus pares. “O resultado do segundo trimestre mostra que a economia brasileira não está bombando”, disse Alex Agostini, economista-chefe da Austin.
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