Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Após firmar delação com a Polícia Federal (PF), chancelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro aparece em áudios revelados pela revista “Veja” criticando o trabalho dos investigadores e o ministro Alexandre de Moraes, responsável por homologar o acordo na Corte.
“Eles queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”, sustenta Cid em uma das gravações que vieram à tona nesta quinta-feira (21). As revelações presentes nos áudios podem levar a PF a rescindir a delação.
Segundo a revista, os áudios são de uma conversa do oficial com um amigo, com duração de aproximadamente uma hora. O diálogo teria sido captado na semana passada, após mais uma oitiva de Cid na PF, a sétima, totalizando cerca de 33 horas de relatos, no dia 11 de março.
Ouça:
Cid também aponta o que chama de “narrativa pronta” adotada pelos policiais federais. Ele cita como exemplo a investigação sobre a falsificação em cartões de vacina contra a Covid-19, que indiciou o próprio Cid, Bolsonaro e outras 15 pessoas na última terça-feira.
Em outro momento, Cid ataca diretamente Moraes:
A revista também menciona ameaças sofridas por Cid nas redes sociais desde que começou a fazer revelações que implicam Bolsonaro e seu entorno. Na conversa com o interlocutor, o tenente-coronel se queixa da própria situação e chega a reclamar do ex-presidente.
A defesa de Mauro Cid reconhece como de Cid os áudios, mas afirma que “não passam de um desabafo” e não colocam “em xeque a independência, a funcionalidade e a honestidade da Polícia Federal, da procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal”.
Veja, abaixo, a íntegra da nota enviada pelos advogados de Cid.
“A defesa de Mauro César Barbosa Cid, em razão da matéria veiculada pela revista Veja, nesta data, vem a público afirmar que:
Mauro César Babosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios.
Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda, mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade.”
O Globo
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