Com talento ou não, todo mundo pode investir em música. O investimento em direitos autorais, recém-chegado ao Brasil, permite que os interessados lucrem com royalties musicais sempre que uma canção é tocada, seja em shows ou em plataformas digitais como YouTube, Spotify e Deezer. Este modelo de operação tem atraído quem busca fugir dos baixos retornos e deseja ter uma carteira eclética, que pode ir do forró ao rock.
É com esse radar que a Hurst Capital, plataforma de investimentos alternativos, tem atuado no setor de royalties musicais por meio da venda de cédulas de crédito bancário (CCB) vinculadas a esse tipo de direito. Desde 2020, a fintech dispõe de um repertório com mais de 20 mil composições e gravações de músicos brasileiros que recebem o montante captado na venda desses CCBs e, em troca, cedem para a fintech o direito de receber os royalties musicais gerados a partir da execução e reprodução das músicas.
Funciona da seguinte forma: todas as vezes que uma música do catálogo é reproduzida via streaming ou executada publicamente, como em shows e apresentações em TV, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) arrecada os royalties que iriam para os artistas e distribui para a empresa mediadora (nesse caso a fintech, a Hurst), que paga os investidores pessoas físicas mensalmente durante o período contratado no negócio.
Os interessados têm que desembolsar pelo menos R$ 10 mil, valor mínimo para o investimento na Hurst. De julho de 2020 a julho deste ano, a empresa já captou cerca de R$ 10 milhões em 28 operações de música envolvendo artistas da MPB, como Luiz Avellar e Toquinho; do rock, como Paulo Ricardo; do sertanejo, como Bruno César, que compõe para grandes nomes do sertanejo, como Marília Mendonça e as duplas Zé Neto & Cristiano e Jorge & Mateus; e do funk, como Philipe Pancadinha.
Canções como ‘Manchete’, ‘Mágica’ e ‘Cobertor’, conhecidas pela interpretação da banda Calcinha Preta, que atualmente soma mais de 945 mil ouvintes por mês no Spotify, estão entre as composições disponibilizadas pela fintech, cujo autores são Chrystian e Ivo Lima.
Quem investir nos royalties das obras e fonogramas da dupla, por exemplo, será pago mensalmente, durante 36 meses, a partir de setembro de 2021. A operação tem um retorno esperado de 16,30% ao ano. Em um cenário pessimista, a rentabilidade pode ficar em 10,73%, e em um cenário otimista em até 22,06%.
Para o presidente da Hurst, Arthur Farache, a operação de recebíveis com as obras de Chrystian e Ivo Lima, além de mostrar a consolidação desse tipo de investimento no Brasil, é uma oportunidade para quem deseja obter ganhos maiores do que a renda fixa, sem deixar de lado a segurança. “São dois artistas com canções bastante executadas e pertencentes a um gênero musical cada vez mais ouvido pelos brasileiros, os ganhos são reais”, afirma.
No exterior, o modelo de negócio já tem espaço consolidado. A exemplo da venda de 100% do catálogo do cantor Bob Dylan, que gerou uma movimentação em torno de US$ 300 milhões após a negociação de mais de 600 composições, em dezembro do ano passado, pela plataforma Royalties Exchange.
VALOR ECONÔMICO
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