
Em carta redigida de próprio punho e enviada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a mãe do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) se desculpou pelas ofensas proferidas pelo filho contra a Corte e pediu a sua liberdade. Réu no Supremo, o parlamentar está preso desde 24 de junho por violar o uso da tornozeleira eletrônica. Ele era monitorado pela Justiça, em casa, depois de publicar vídeo em que atacava a Corte e defendia o AI-5, ato de repressão da ditadura.
Na carta assinada em 11 de julho, Matildes Silveira diz que a atitude do filho é “digna de repúdio e em nada contribui para um debate democrático e respeitoso”. Ela também exalta o STF por ser “a última barreira entre a justiça e a injustiça”.
Ela afirma que criou Silveira com “amor, carinho e educação” e que “a falta de urbanidade, o desrespeito e a deselegância (com que tratou os ministros e a democracia) não condiz com os ensinamentos familiares que foram passados a ele”.
Segundo Matildes, a emoção e um “sentimento de momento” fizeram o filho perder a razão – algo que não teria ocorrido caso Silveira tivesse “dormido uma noite” de sono. Na carta, a mãe assegura que o deputado é “um homem bom”.
A Moraes, ela se disse envergonhada e afirmou que não estava pedindo a sua absolvição, apenas a chance de que ele responda em liberdade e possa voltar a ajudá-la nas atividades domésticas.
Matildes disse que o filho tem falhas, mas está “longe, muito longe, de ser um criminoso” – e garantiu que os ataques não vão se repetir: “Me encarreguei pessoalmente de cuidar deste assunto.”
“Sou uma idosa viúva que já perdeu um filho jovem em morte prematura e que tem no Daniel a base para tudo, meu porto seguro, e tenho sofrido muito com toda essa situação, me colocando em uma situação análoga à perda de mais um filho.”
Ela diz a Moraes que resolveu escrever-lhe uma carta pois “jamais passou panos quentes nas falhas cometidas” pelo deputado ao longo da vida. “Acredito veementemente que ele já entendeu que errou, pois conheço meu filho.”
A mãe de Silveira relata que ele perdeu o aniversário da filha de cinco anos em março, quando foi preso pela primeira vez (antes de ser beneficiado com a domiciliar), e agora pode perder o dela, no dia 24. “Gostaria de tê-lo perto de mim.”
Ao se despedir do ministro, relator da ação penal em que Silveira é réu, Matildes afirma desejar, “um dia, quem sabe, tomar um café pessoalmente, para uma conversa sobre dias melhores”.
No processo, não há resposta de Moraes ao apelo. O documento mais recente é do dia 14 – três dias após o envio da carta – e fala sobre os advogados habilitados por Silveira para atuar no caso.
Valor Econômico
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