Diversos

Carta para Arthur do Val: a condição feminina na guerra e na paz

Foto: Daniel Leal/AFP

Por Jamil Chade:

Senhor deputado,

Confesso que não conhecia seu nome, e nem sua denominação de guerra. Mas os áudios indigestos que vazaram com seus comentários sobre a situação na Ucrânia me obrigaram a escrever aqui algumas linhas sobre o que eu vi em campos de refugiados e filas de pessoas desesperadas para escapar da guerra e da pobreza ao longo de duas décadas.

Não estou acusando o senhor e sua comitiva do que estará exposto abaixo. Mas considero que, sem entender essa dimensão do sofrimento humano, fica impossível justificar uma viagem como a que o senhor faz para ajudar a defender um povo.

Ao longo da história, a violência sexual é uma das armas de guerra mais recorrentes para desmoralizar uma sociedade. Ela não tem religião, nem raça. Ela destrói. Demonstra o poder sobre o destino não apenas das vidas, mas também dos corpos e almas.

Percorrendo campos de refugiados em três continentes, o que sempre mais me impressionou foi a vulnerabilidade das mulheres nessa situação.

Mas, antes, vamos ser claros aqui. Não precisamos sair do Brasil para saber que as mulheres, simplesmente por serem mulheres, precisam passar a vida se explicando. Como se necessitassem de chancela ou justificativa para determinar o destino de seu corpo ou coração, se podem trabalhar ou ter tesão. Intolerável, não?

Então, o senhor pode imaginar o que isso significa em tempos de guerra, onde a lei e a moral são suspensas?

Conheci certa vez uma garota yazidi. Ela me contou como, depois de sua cidade ser tomada por islamistas, ela foi transformada em escrava sexual. Aqueles olhos verdes intensos se enchiam de lágrimas quando contava que, num calabouço, ela e as demais meninas se dividiam em dois grupos.

Aquelas que rezavam para sobreviver e aquelas que rezavam para morrer logo.

Ela também me contou que, num ato de solidariedade com as outras mulheres que viriam depois delas, foi iniciado um gesto espontâneo de escrever mensagens nas paredes daqueles quartos imundos, inclusive com dicas de como agir. Escreviam com a única cor que tinham. O vermelho do sangue de suas vaginas estupradas.

O senhor me diria: claro, isso é coisa de terrorista islâmico. Sim, sem dúvida. Mas quero lhe contar o que investigações e auditorias revelaram em um local mais próximo de nós: o Haiti.

Ali e em outros locais onde estão destacadas, as tropas de paz da ONU – repletas de moral, credibilidade e protocolos – foram acusadas de estupro e de abusos com mulheres, meninas e meninos. Alguns, em troca de comida. Num caso específico, um garoto era semanalmente estuprado por oficiais, em troca de bolachas. Há até mesmo uma categoria de crianças hoje nesses países, “os filhos da ONU”.

Na Sérvia, num barracão onde eram depositados os refugiados que aguardavam para chegar até a Europa Ocidental, conheci uma mulher que não falava. Sua irmã, depois, veio me explicar que ela ficou muda depois de ter sido estuprada pelo “guia” que seus pais tinham contratado na Turquia para que elas cruzassem as fronteiras. Para pagar pelo guia, os pais venderam as únicas coisas que tinham: uma casinha e dois animais.

Em Dadaab, no Quênia, entendi toda a minha ignorância quando fui perguntar para um grupo de crianças do que elas tinham mais medo. Achei que a resposta seria: as bombas de Mogadíscio. Mas era do escuro do campo de refugiados. Quando pedi para saber o motivo, uma delas sussurrou: “não podemos nem ir ao banheiro pela noite. Um homem pode fazer coisas ruins com nosso corpo”.

Anos depois, voltei a viajar para a África. Da janela do avião a hélice em que eu voava, podia ver como um garoto usava um pedaço de galho para tentar dirigir o destino de vacas e outros animais. Enquanto ele conseguia dar direção ao gado, algumas reses escapavam um pouco adiante.

Do assento em que eu estava, quase não consegui ouvir quando o piloto se virou para trás e, competindo com o barulho do motor, gritou que estávamos iniciando a aterrissagem. Jamais imaginaria que, minutos depois, era sobre aquele local de terra de onde o garoto estava retirando os animais que o avião iria pousar. O que de fato eu tinha visto era a preparação da pista de pouso.

Eu tinha viajado para um lugar a oeste da cidade de Bagamoyo, na Tanzânia, para escrever sobre o impacto da Aids numa das regiões mais pobres do planeta. Mas seria naquele local que eu descobriria, de uma maneira inusitada, a dimensão do drama de imigrantes e refugiados. Ao longo dos anos, visitei campos de refugiados na fronteira do Iraque, entre o Quênia e a Somália, em Darfur, na rota entre a Turquia e a Europa. Vi milhares de pessoas sem destino. Mas, nas proximidades de Bagamoyo, aquela história era diferente. Oficialmente, não havia uma guerra. Não havia um acampamento de refugiados. Mas eu logo descobriria que nem por isso o desespero deixava de estar presente naquela população.

Eu fazia uma visita a um hospital e esperava para falar com o diretor. Por falta de médicos, ele fora chamado para fazer um parto. Sabia que aquilo significava que eu passaria horas ali, à espera de minha entrevista. Restava fazer o que eu mais gostava nessas viagens: descobrir quem estava ali, falar com as pessoas, perambular pelo local, ler os cartazes e simplesmente observar. No portão do centro de atendimento, centenas de mulheres com seus véus coloridos aguardavam de forma paciente. Tentavam afastar as moscas, num calor intenso, enquanto o choro de crianças rompia os muros descascados daquela entrada de um galpão transformado em sala de espera.

Ao caminhar para uma das alas, fui barrado. Os enfermeiros me pediram que não entrasse no local. Quando perguntei qual era a especialidade daquela área, disseram que não podiam revelar. Em partes da África, o preconceito e o estigma em relação aos pacientes de Aids obrigam os hospitais a não indicar nem em suas paredes o nome da doença. Decidi sair do prédio em ruínas e, num dos pátios do hospital, vi duas garotas brincando.

Não tinham mais de 10 anos de idade. E o único momento em que olharam para o chão, sem resposta, foi quando perguntei o que faziam ali. Mas a curiosidade delas em saber o que um rapaz branco, com um bloco de notas na mão e uma câmera fotográfica, fazia lá era maior que sua vontade de contar histórias. Desisti de seguir com minhas perguntas. Expliquei que era jornalista brasileiro e, para dizer meu nome, mostrei um cartão de visita, que acabou ficando com elas.

Quando iam responder à minha pergunta sobre os seus nomes, nossa conversa foi interrompida por uma senhora que, da porta do hospital, me avisava que o diretor já estava à disposição para a entrevista. Deixei aquelas crianças depois de menos de cinco minutos de conversa. Já caminhando, virei e disse uma das poucas expressões que tinha aprendido em suaíli: kwaheri – “adeus”. Ganhei em troca dois enormes sorrisos.

Terminada a entrevista com o diretor do hospital, confesso que nem sequer notei se as meninas continuavam ou não no pátio. Estava ainda sob o choque de um pedido do gerente da clínica, que, ao terminar de me explicar o que faziam, me perguntou se eu não poderia deixar para eles qualquer comprimido que tivesse na mala. Qualquer um. Até mesmo se o prazo de validade já tivesse expirado.

Alguns meses depois, já na Suíça, abri minha caixa de correio de forma despretensiosa ao chegar em casa. Num envelope surrado e escrito à mão, chegava uma carta de Bagamoyo.

Pensei comigo: deve ser um erro e a carta deve ter sido colocada na minha caixa por engano. Eu não conheço ninguém em Bagamoyo. Mas o envelope deixava muito claro: era para Jamil Chade.

Antes mesmo de entrar em casa, deixei minha sacola no chão e abri o envelope. Uma vez mais, meu nome estava no papel, com uma letra visivelmente infantil. Eu continuava sem entender. Até que comecei a ler. No texto, em inglês, quem escrevia explicava que tinha me conhecido diante do hospital e que tinha meu endereço em Genebra por conta de um cartão que eu lhe havia deixado.

Como num sonho, as imagens daquelas garotas imediatamente apareceram em minha mente. Mas o conteúdo daquela carta era um verdadeiro pesadelo. A garota me escrevia com um apelo comovedor. “Por favor, case-se comigo e me tire daqui. Prometo que vou cuidar de você, limpar sua casa e sou muito boa cozinheira.” A carta contava que sua mãe havia morrido de Aids – naquele mesmo hospital – e que seu pai também estava morto.

Cada um dos oito filhos fora buscar formas de sobreviver e ela era a última da família a ter permanecido na empobrecida cidade. “Preciso sair daqui”, escrevia a garota. A cada tantas frases, uma promessa se repetia: “Eu vou te amar.”

Uma observação no final parecia mais um atestado de morte: “Com as últimas moedas que eu tinha, comprei este envelope, este papel e este selo. Você é minha última esperança.”

Deputado, talvez o senhor classificaria essa pessoa no grupo de “meninas fáceis”. Eu, porém, chorei de desespero e de impotência diante daquele pedido de resgate.

Eu e o senhor- homens brancos – nascemos como a classe mais privilegiada do planeta. Eu e o senhor não tivemos de fazer nada para adquirir esses privilégios. Existimos.

É nossa obrigação, portanto, desmontar o processo de profunda desumanização de uma guerra e da miséria. Cada um com suas armas.

Não sei qual será o destino que a Assembleia Legislativa em São Paulo, seu partido e seus eleitores darão ao senhor. Qualquer que seja ele, só espero que esse episódio revoltante sirva para que haja alguma insurreição de consciências sobre a condição feminina. Na guerra e na paz.

Grato pela atenção

Jamil

*Jamil Chade é jornalista, correspondente na Europa há duas décadas e colunista do UOL

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Brasil

Temporais no RS: Sobe para 62 o número de mortos

Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters

O número de mortos em razão dos temporais que atingem o Rio Grande do Sul subiu para 62 neste sábado (4). Boletim divulgado pela Defesa Civil no início da noite de hoje.

A Defesa Civil soma 32.248 pessoas fora de casa, sendo 8.168 pessoas em abrigos e 24.080 desalojadas, na casa de familiares ou amigos. Ao todo, 235 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 351.639 mil pessoas.

“Esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas”, diz o governador Eduardo Leite (PSDB).

Os temporais causaram danos também na infraestrutura viária do RS. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 188 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, cinco trechos de rodovias federais e 28 trechos de rodovias estaduais sofrem bloqueio parcial. Os demais trechos enfrentam bloqueios totais.

O desastre ambiental também deixou cidades sem luz. Na manhã deste sábado, a Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do RS, divulgou que 296 mil clientes estão sem luz. A maioria desses clientes estão em áreas alagadas. As regiões mais afetadas são Vale do Taquari (92,1 mil), Metropolitana (88,4 mil), Vale do Rio Pardo, (43,8 mil), Vale dos Sinos (34 mil), Serra (12,4 mil), Planalto (11,7 mil), e Central (9,3 mil).

Em Porto Alegre, o nível do Guaíba superou a cota de inundação, transbordando e avançando sobre ruas e avenidas. A estação rodoviária da cidade foi inundada e 95% das viagens foram suspensas. Já o Aeroporto Salgado Filho foi fechado “devido ao elevado volume de chuvas”.

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Celebridades

Prefeitura na PB cancela festa neste fim de semana após morte de influencer Alana Carla

A influenciadora era natural da cidade de Pocinhos, próxima a Campina Grande.

A modelo e influenciadora digital Alana Carla Guedes morreu ao cair de um viaduto em Campina Grande. Ainda não há muitas informações sobre o que ocorreu e as circunstancias da morte ainda estão sendo investigadas

A influenciadora chegou a ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel (SAMU), e levada para o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, mas não resistiu devido à gravidade dos ferimentos.

A influenciadora era natural da cidade de Pocinhos, próxima à Campina Grande. A população da cidade toda ficou chocada com a notícia e a Prefeitura suspendeu todos os eventos da cidade no final de semana.

Alana e o pai Raul Guedes, trabalhavam numa agência de notícias em Campina Grande. A prefeitura também lançou uma nota de pesar pelo falecimento da influenciadora.

Nas redes sociais, a influenciadora foi lembrada pelos amigos como dona de uma alegria contagiante que espalhava.

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Brasil

VÍDEO: Bebê é resgatado de helicóptero por telhado de casa durante enchente no RS

Imagens: Exército Brasileiro

Um bebê de dois anos foi resgatado por militares do Exército Brasileiro pelo telhado de casa em Bom Retiro do Sul, na Região do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (3). As imagens foram divulgadas neste sábado (4). Além dele, outras quatro pessoas que moravam na mesma casa foram retiradas do local em um helicóptero e levadas a um local seguro.

O resgate foi feito pelo segundo sargento do Exército Brasileiro, Andrwis Victor Nunes, e as imagens foram registradas pela câmera corporal do terceiro sargento Lucas Ferreira Leite. Eles fazem parte de um grupo que saiu de São Paulo para ajudar nos resgates no RS.

As imagens mostram que o militar precisou usar um tijolo para abrir um buraco no telhado e resgatar o grupo. De acordo com GZH, o local do resgate era de difícil acesso e havia temor de que o vento do helicóptero pudesse derrubar a família ou arremessar telhas.

57 pessoas morreram

O número de mortes causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul chegou a 57 na última atualização divulgada pelo governo do estado, neste sábado (4). Com isso, o número de vítimas superou o total da última tragédia ambiental do RS, em setembro de 2023, quando 54 pessoas morreram.

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Polêmica

Criança de 8 anos é agredida na cabeça com golpe de foice na Paraíba; suspeito está foragido

Uma criança de apenas 8 anos foi agredida após um vizinho arremessar uma foice na direção do rosto do menino.

O suspeito que está foragido é o vizinho da vítima.

A criança foi atendida em uma unidade de saúde e levou vários pontos na testa.

Segundo o delegado de polícia, Ilamilton Simplício, os parentes da criança já prestaram depoimento. A agressão aconteceu quando a criança estava no quintal, cuidando dos porcos e batendo com um pedaço de madeira em uma árvore quando o vizinho ofereceu uma foice. Ao responder que não queria o objeto do idoso, ele arremessou a foice na direção do menino, atingindo a cabeça.

Ilamilton Simplício destacou que o suspeito não foi localizado pelos policiais militares, mas já instaurou inquérito e vai representar solicitando a prisão preventiva do suspeito. O caso aconteceu no final da tarde da quinta-feira (2).

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Brasil

Bolsonaro é internado às pressas em hospital de Manaus; saiba mais

Bolsonaro estava em evento em Manaus.

Bolsonaro estava em evento em Manaus. (foto: reprodução)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompeu sua agenda política em Manaus, ao ser levado às pressas para o Hospital Santa Júlia, na manhã deste sábado (4). A internação ocorreu após Bolsonaro ter seu segundo mal-estar, desde que chegou à capital do Amazonas, ontem (3), para lançar o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-A) como pré-candidato a prefeito de Manaus.

O líder nacional de oposição ao presidente Lula (PT) chegou ao hospital apresentando inchaço nas pernas, onde passa por baterias de exames e está sendo hidratado e medicado.

O primeiro desconforto foi sentido pelo ex-presidente ainda durante do dia de ontem, após ser recebido no aeroporto de Manaus e seguir em carreata para almoçar e passear de barco, no Rio Negro.

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Paraíba

Candidato morre após teste de aptidão para concurso da Polícia Militar da Paraíba

Um homem de 30 anos faleceu após passar mal durante o Teste de Aptidão Física (TAF) do concurso da Polícia Militar da Paraíba, realizado na última terça-feira (30) em João Pessoa. Gustavo Silva, concorria a uma vaga no Comando de Policiamento Regional I em Campina Grande e morreu na madrugada desta sexta-feira (3) em um hospital da capital.

Gustavo ficou internado por três dias e sua morte foi atribuída a uma condição chamada rabdomiólise, caracterizada por uma ruptura muscular que pode levar a lesões nos rins.

A comissão organizadora do concurso lamentou profundamente o ocorrido, informando que o candidato foi inicialmente socorrido pela equipe médica do certame e posteriormente encaminhado ao Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena.

A organização do concurso esclareceu que, antes da prova de corrida, Gustavo apresentou um atestado médico comprovando sua aptidão para participar do teste, atendendo a um dos requisitos do edital. O homem deixou dois filhos, uma menina de cerca de 2 anos e um menino de aproximadamente 7 anos.

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Paraíba

Paraíba envia equipamentos e brigadistas para operações de resgate no RS

Foto: Reprodução

A Paraíba enviou na noite desta sexta-feira (3), brigadistas e equipamentos de proteção para auxiliar na situação de emergência devido às chuvas intensas que assolam o Rio Grande do Sul. A iniciativa partiu do Consórcio Nordeste, que efetuou uma mobilização conjunta dos estados nordestinos para auxiliar nas operações de resgate e assistência as comunidades afetadas.

Em nota, a coalização afirma que os nove estados do nordeste deixam seus efetivos à disposição do governo do Rio Grande do Sul.

“Hoje, os nove governos do Nordeste deixam seus efetivos à disposição do Governo do Rio Grande do Sul para que juntos possamos combater os efeitos deste desastre natural que atinge nossos irmãos gaúchos”, declarou o Consórcio.

Confira os equipamentos enviados pela Paraíba:

– 2 viaturas tipo ABS: São veículos equipados com sistema de freios ABS (Antilock Braking System), que evita o travamento das rodas durante a frenagem, proporcionando maior controle e segurança ao dirigir. Essas viaturas são essenciais para acessar áreas alagadas e terrenos de difícil acesso durante operações de resgate em enchentes.

– 2 embarcações infláveis: Tratam-se de embarcações que possuem estruturas insufláveis, feitas de materiais como PVC ou borracha, as quais podem ser infladas para se tornarem flutuantes. São utilizadas principalmente em operações de resgate aquático, permitindo o deslocamento seguro das equipes de resgate em áreas inundadas ou de difícil acesso por meio terrestre.

– 2 equipes de salvamento: São grupos de profissionais treinados e capacitados em técnicas de resgate em situações de emergência, como enchentes, deslizamentos de terra, desabamentos, entre outros. Essas equipes são fundamentais para o resgate de vítimas, fornecimento de primeiros socorros e coordenação das operações de salvamento.

– 2 binômios certificados em restos mortais: São duplas compostas por cães especialmente treinados, chamados cães de busca e resgate, e seus condutores. Esses binômios são certificados em localização de restos mortais, ou seja, são habilidosos em encontrar corpos ou vestígios humanos em áreas de difícil acesso ou em meio a escombros após desastres naturais.

– 2 viaturas de canil: São veículos equipados para transporte de cães de resgate, os quais são utilizados em missões de busca e salvamento. Essas viaturas garantem o transporte seguro e adequado dos cães treinados para localização de vítimas em situações de emergência.

A governadora do Rio Grande do Norte e presidente do Consórcio Nordeste, Fátima Bezerra (PT) alertou para situação de emergência no Rio Grande do Sul.

“Falei agora há pouco com o Governador do RS, Eduardo Leite, para saber mais sobre a situação e passando informações sobre a colaboração dos estados do Nordeste estão enviando através dos comandos dos Bombeiros. A situação é dramática. Ele ficou muito comovido, agradeceu o gesto de solidariedade e apoio e estendeu o agradecimento a todos os governadores do Nordeste. É um momento de união e toda ajuda possível para que o povo gaúcho possa superar esse triste momento”, afirmou Fátima através do X, antigo twitter.

MaisPB

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Brasil

Lula soma 97 frases controversas desde que voltou ao Planalto

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acumula 97 falas consideradas controversas desde voltou ao Palácio do Planalto para o seu 3º mandato. Só em 2024, foram 50 declarações do tipo. No ano passado, 55. Os números são de levantamento realizado pelo Poder360 de 1º janeiro de 2023 a 1º de maio.

Dentre as frases ditas pelo petista, 43 podem ser consideradas ofensas a pessoas, minorias sociais ou outros grupos. Já 24 são relacionadas à política internacional, como comentários sobre outros países e guerras, enquanto em 12 ocasiões houve erro de informação.

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DISCURSOS NÃO COMBINADOS

Em 1º de Maio, durante evento de comemoração do Dia do Trabalho, Lula pediu votos para o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (SP). O ato contou com dinheiro da Petrobras, e pode configurar como crime eleitoral.

Eis a fala de Lula:

“Só queria dizer para vocês o seguinte: esse rapaz, esse jovem, ele está disputando uma verdadeira guerra aqui em São Paulo. Ele está disputando com o nosso adversário nacional, ele está disputando contra o nosso adversário estadual, ele está disputando contra o nosso adversário municipal. Está enfrentando 3 adversários. Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. Vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em 1989, em 1994, em 1996, em 2006, em 2010, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo.”

Na 5ª feira (2.mai), Lula removeu de seu perfil oficial no YouTube o vídeo do ato em comemoração ao 1º de Maio depois de decisão do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) determinar, em até 48h, a remoção do material.

A espontaneidade do presidente em discursos feitos em eventos públicos tem incomodado seus assessores diretos. Integrantes de sua equipe combinam uma estratégia de comunicação que acaba sendo descumprida pelo chefe do Executivo.

Nesses casos, as declarações, muitas vezes controversas, acabam chamando mais atenção do que o foco da agenda do governo.

Na reunião ministerial de 18 de março, por exemplo, o combinado era que Lula fizesse uma fala de abertura e passasse a palavra para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que apresentaria os resultados positivos do governo.

No entanto, o presidente tomou a palavra e disse que não houve golpe de Estado no Brasil no 8 de Janeiro porque o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi um “covardão”. O presidente não citou nominalmente seu antecessor.

“Se, há 3 meses, quando a gente falava em golpe parecia apenas insinuação, hoje nós temos certeza que esse país correu sério risco de ter um golpe em função das eleições de 2022. E não teve golpe, não só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o presidente é um covardão”, declarou.

Em março, mais uma vez, as declarações do presidente ofuscaram o foco do evento. No aniversário de 44 anos do PT, realizado em Brasília, Lula confessou que muitas vezes não consegue se segurar. “Quando eu vejo um microfone, me dá coceira nos dentes”, disse ao subir ao palco.

O petista relatou que havia combinado com a primeira-dama, Janja Lula da Silva, que não discursaria no evento. O Poder360 apurou que a promessa de não falar foi feita também a vários assessores.

Ao descumprir o prometido, Lula criticou a decisão da Justiça de Barcelona, na Espanha, que havia concedido liberdade provisória ao ex-jogador de futebol Daniel Alves caso pagasse uma fiança de € 1 milhão (cerca de R$ 5,4 milhões), o que acabou sendo feito dias depois.

A declaração foi considerada por ministros como desastrosa porque o presidente não precisava ter se envolvido no caso, além de que, embora desagrade o presidente, a decisão está dentro dos parâmetros legais da Justiça da Espanha.

DECLARAÇÕES CONTROVERSAS

Lula menciona Bolsonaro, de forma indireta ou indireta, com frequência. É comum o tom crítico e o uso de termos considerados pejorativos. Já chamou o ex-presidente de “genocida” em entrevista à RedeTV! e disse que seu antecessor desafiou a ciência por muito tempo durante a pandemia da covid.

Em relação a declarações sobre política internacional, Lula falou sobre as eleições da Venezuela, marcadas para 28 de julho, e declarou que “nada vale” se o candidato de oposição do país tiver o mesmo comportamento que a oposição no Brasil.

Lula disse ainda não ter ficado “chorando” quando não pôde concorrer às eleições em 2018, se referindo a María Corina Machado, líder da oposição de Nicolás Maduro. Ela está proibida de ocupar cargos públicos pelos próximos 15 anos. O presidente da Venezuela é um aliado histórico do petista.

Erros factuais também foram cometidos pelo presidente. Em condecoração do presidente da França, Emmanuel Macron, ao líder indígena Raoni Metuktire, em 23 de março, Lula confundiu o francês com o ex-presidente do país Nicolas Sarkozy. Os convidados o corrigiram rapidamente.

Já no início de abril, durante a 12ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o petista errou e disse que 12,3 milhões de crianças morreram em Gaza. Até a 5ª feira (2.mai), cerca de 14.000 crianças palestinas morreram no conflito, segundo a Al Jazeera (emissora estatal da monarquia do Qatar). Informações sobre Gaza são do Hamas e não há meios para verificar esses dados de maneira independente.

Ainda sobre a guerra entre Israel e Hamas, o presidente declarou em fevereiro durante viagem à Etiópia: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

As declarações comparando as ações da guerra contra o Hamas às de Hitler contra os judeus tornaram o petista“persona non grata” em Israel. O ministro de Relações Exteriores Israel Katz exigiu uma retratação formal de Lula –o que não se deu.

Ambos as falas erradas de Lula não foram incluídas no discurso oficial divulgado pelo Palácio do Planalto.

Poder360

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Brasil

Sobe para 56 o número de mortos no Rio Grande do Sul devido às chuvas

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A Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou na manhã deste sábado (4) um novo balanço sobre o desastre que atinge o Estado desde o último domingo (28). Agora, já são 56 mortos e mais 74 feridos. Há ainda 67 desaparecidos até o momento.

O estrago em todo o Rio Grande do Sul é enorme e são agora 8.296 pessoas desabrigadas e mais 24.666 desalojadas.

O relatório ainda informa que as inundações chegam agora a 281 municípios e há 377.497 pessoas atingidas de alguma maneira.

A Defesa Civil estadual pretende ainda aumentar o nível de prevenção e pediu para que as pessoas se cadastrem para receber alertas meteorológicos. Para isso, basta enviar por SMS o CEP de onde mora para o número 40199.

R7

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Política

Em Manaus, Bolsonaro pede minuto de silêncio pelo RS e critica Lula

ImagemFoto: Reprodução/Rede Social

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar sobre as vítimas das chuvas do Rio Grande do Sul durante sua passagem por Manaus. Ele participou do encontro estadual do Partido Liberal Amazonas, na noite desta sexta-feira (3.mai.2024). O evento foi também para o lançamento da pré-candidatura do Capitão Alberto Neto (PL-AM) para a prefeitura da capital.

Em seu discurso, citou as mortes causadas pelas chuvas, pediu 1 minuto de silêncio pelas vítimas e criticou a condução do governo federal. “Os nossos irmãos do Rio Grande do Sul estão sofrendo muito com uma catástrofe natural, eu lamento a ineficiência do estado brasileiro. Vivemos outras situações no meu governo, e eu estaria lá no RS com meus ministros”, disse.

Poder360

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