
O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) apresentou nesta quinta-feira (3) dados que reforçam a necessidade de atenção à saúde, segurança e condições de trabalho no setor da construção civil. Entre dezembro de 2024 e março de 2025, 88 trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão em obras no estado. O número representa quase um terço dos casos registrados em todo o país, que somaram 293 resgates no período.
As informações foram divulgadas durante a 1ª Audiência Coletiva sobre Trabalho Escravo na Construção Civil, realizada em João Pessoa como parte da programação do Abril Verde — campanha voltada à prevenção de acidentes e doenças no ambiente de trabalho. O evento reuniu representantes de cerca de 100 empresas da Região Metropolitana, além de sindicatos e órgãos de fiscalização como o Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT-13) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A procuradora Marcela Asfóra, coordenadora regional da Conaete/MPT, destacou que os casos identificados envolvem situações graves que ferem a dignidade humana. “Quando falamos em trabalho escravo contemporâneo, não estamos tratando de simples irregularidades. São situações onde o trabalhador não tem o mínimo de seus direitos assegurados”, explicou.
Apesar dos números, a procuradora ressaltou a importância do diálogo com o setor produtivo. “Nosso objetivo não é punir, mas orientar e trabalhar junto com as empresas para evitar esse tipo de ocorrência. A presença expressiva do setor empresarial nesta audiência é um passo importante nesse sentido.”
Durante a audiência, foram exibidas imagens de fiscalizações recentes e discutidos os critérios legais que configuram o trabalho degradante. O juiz do Trabalho George Falcão e o auditor fiscal do Trabalho Jefferson Toledo também participaram do encontro, contribuindo com informações sobre as responsabilidades das empresas e os parâmetros legais que norteiam a fiscalização.
A próxima audiência já está marcada: será no dia 22 de abril, às 14h, no prédio do MPT em Campina Grande, com a presença de empresas da região e do Sertão. A expectativa é ampliar o debate e reforçar o compromisso coletivo com a melhoria das condições de trabalho no setor.
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