Judiciário

STF decide vetar revista íntima ‘vexatória’ em visitantes de presídios

Foto: Antonio Augusto/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, nesta quarta-feira (2), o julgamento do recurso que discute a validade da revista íntima em presídios. Os ministros consideraram que o procedimento feito de forma vexatória, para humilhar as pessoas, é inadmissível.

Os ministros também estabeleceram uma espécie de guia para a aplicação de suas conclusões.

Na revista íntima vexatória, proibida pelo STF, o visitante precisa ficar parcialmente ou totalmente nu e, por vezes, tem que se agachar e expor os órgãos genitais à observação de agentes penitenciários.

A revista íntima ainda pessoal pode ser feita, na impossibilidade de uso de equipamentos eletrônicos, por exemplo. Nestas situações, deverá ser motivada, depende da concordância do visitante e será feita preferencialmente por profissionais de saúde.

A chamada “tese” foi construída em consenso pelos ministros, com a participação de todos os magistrados na elaboração do texto. O resumo será aplicado em casos de revista íntima pelo país.

Principais pontos

  • Os ministros diferenciaram o procedimento vexatório da revista íntima pessoal, que está dentro da legalidade, e pode ser feita em situações previstas no resumo de entendimentos.
  • a revista íntima feita em visitantes de presos de forma a humilhar as pessoas não é admissível. Provas obtidas com esta irregularidade não serão usadas em processos judiciais, a partir da decisão do Supremo.
  • autoridades nos presídios podem impedir a visita se houver indícios robustos de que a pessoa tem itens irregulares consigo;
  • União e estados vão ter prazo de 24 meses para comprar equipamentos eletrônicos para fazer a revista nos visitantes.
  • a revista íntima — que não seja humilhante — poderá ser feita em casos excepcionais, de forma motivada em cada caso.
  • Além disso, o procedimento depende da concordância do visitante, deve ser feito em local adequado e apenas em pessoas maiores. A preferência é de que a revista seja feita por profissionais de Saúde. Se o visitante não concordar, as autoridades podem impedir a visita.
  • excessos e abusos podem levar os agentes públicos a serem responsabilizados.

O tema começou a ser julgado em 2020, em ambiente virtual. Na ocasião, um pedido de vista do ministro Dias Toffoli interrompeu a análise.

Novo pedido de vista, desta vez do ministro Nunes Marques, adiou a deliberação em 2021.

O recurso voltou à pauta em maio de 2023, quando chegou a cinco votos pela proibição da revista íntima vexatória.

Seguiram, na ocasião, a posição do ministro Edson Fachin, relator do caso — o presidente Luís Roberto Barroso, as ministras Rosa Weber (aposentada), Cármen Lúcia e o ministro Gilmar Mendes.

A maioria foi alcançada em outubro do ano passado, com o voto do ministro Cristiano Zanin. Mas um pedido de destaque do ministro Alexandre de Moraes trouxe o caso para o plenário presencial.

g1

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Brasil

Senado analisará pedido de divórcio unilateral, feito diretamente no cartório e sem a necessidade de ação judicial em reforma do Código Civil

Foto: Freepik

O Senado Federal deve analisar a partir deste ano a reforma do Código Civil brasileiro. Entre outros temas, o projeto atualiza a legislação para permitir o divórcio unilateral, ou seja, apresentado por apenas uma das pessoas da relação. A proposta possibilita que a solicitação seja feita por uma das partes diretamente no cartório e sem a necessidade de ação judicial.

O pedido poderá ser feito em caso de divórcio e de dissolução da união estável. Pelo texto, a solicitação deverá ser assinada pelo interessado e pelo advogado ou defensor público.

Para a advogada e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Maria Berenice Dias, as mudanças sugeridas no projeto vão trazer agilidade para os processos de divórcio.

“Já que [o divórcio] é um direito que outro não pode se opor, por que precisa ser feito perante a Justiça? Por que não pode ser feito, por exemplo, perante o tabelionato? […] O Poder Judiciário está encharcado de tantos processos. Há também uma preocupação de desjudicializar esses procedimentos em que não tem o que contestar”, afirmou a advogada.

No caso do divórcio, atualmente, são permitidos três modelos: o judicial litigioso, quando não há acordo sobre a dissolução da união; o judicial consensual; e o extrajudicial, em casos de consenso e que não há necessidade de ação judicial.

Pelo projeto da reforma do Código Civil, o pedido unilateral deverá ser apresentado no mesmo Cartório do Registro Civil em que foi registrado o casamento ou união estável. A partir da solicitação, a outra parte deverá ser notificada de forma pessoal ou por edital.

Se a outra parte não for localizada “após exauridas as buscas de endereço nas bases de dados disponibilizadas ao sistema judiciário”, a notificação será feita via edital. Essa notificação poderá ser dispensada caso o cônjuge este tenha “manifestado ciência por qualquer meio”.

Apenas após essa notificação, o cartório, em cinco dias, iniciará o processo de registro do divórcio ou da dissolução da união estável. “Nesse primeiro momento, achando o outro ou a outra dá para se decretar o divórcio extrajudicialmente”, explica Maria Berenice Dias.

A advogada integrou a comissão de juristas que analisou a proposta. Segundo ela, o projeto permitirá que o decreto de divórcio não dependa da Justiça, mas, em processos que envolvam a guarda de filhos e partilha de bens, as determinações ainda precisam ser feitas por via judicial.

“Essas questões dos alimentos, da partilha, isso continua sendo na Justiça. Só o decreto do divórcio que há a possibilidade de ser feito perante o tabelionato”, disse.

 

CNN Brasil

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Protestos

PROTESTO:Torcedores picham entrada principal do Centro de Treinamento do Botafogo-PB

Torcedores picharam, na noite dessa quinta-feira (17), a entrada principal da Maravilha do Contorno, Centro de Treinamento do Botafogo-PB. Nas mensagens, palavras de ordem e xingamentos aos dirigentes do clube em relação aos anúncios para partida contra o Flamengo, pela terceira fase da Copa do Brasil.

O grupo critica o valor dos ingressos anunciado pelo Belo e a divisão do estádio Almeidão para recepção do time do Rio de Janeiro, no qual ficou decidido que ocuparia 40% das arquibancadas.

Nesta quinta-feira, foi iniciada a venda dos ingressos, mas o valor deles causou revolta entre os botafoguenses nas redes sociais. O preço varia entre R$300 e R$ 400. Para os visitantes, chega a R$ 500.

Valor dos ingressos:

  • Arquibancada Oeste (Sombra) – R$ 300,00

  • Arquibancada Leste (Sol / Setor Visitante) – R$ 400,00

  • Visitante (Geral) – R$ 400,00

  • Cadeiras Numeradas – R$ 500,00

Logo depois do início da comercialização, o Procon de João Pessoa notificou a SAF do Botafogo-PB para explicar o motivo do aumento no valor dos ingressos para o confronto.

Entenda a polêmica da divisão do estádio

A definição da divisão de espaços entre as torcidas de Botafogo-PB e Flamengo para o duelo pela terceira fase da Copa do Brasil gerou polêmica entre os torcedores paraibanos. Em reunião realizada na última quarta-feira (16), na sede do Belo SAF, ficou acertado que 60% do Estádio Almeidão será destinado à torcida do Botafogo-PB, enquanto 40% ficará com os torcedores do Flamengo, que ocuparão o setor sol leste.

A decisão foi tomada pelo CEO da SAF do Belo, Alexandre Gallo, em conjunto com representantes da segurança pública da Paraíba, incluindo o Comandante-Geral da Polícia Militar, coronel Sérgio Fonseca, o comandante metropolitano, coronel Eduardo Temóteo, e o diretor de Gestão de Pessoas, coronel Souza Neto.

A medida, no entanto, não agradou a torcida do Belo, que reagiu com críticas nas redes sociais do clube. Muitos consideraram excessivo o espaço cedido aos visitantes.

“Era melhor vender o mando de campo, visitante é 10%”, comentou uma torcedora. Outro torcedor disse: “Se fosse pra fazer uma palhaçada dessa, era melhor ter vendido o mando de campo.”

MaisPB

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Paraíba

Paraíba acumula o quarto maior percentual de abertura de pequenos negócios no país

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A Paraíba registrou o percentual 46,6% na variação anual de abertura de pequenos negócios, sendo o quarto estado entre todas as unidades da federação com melhor desempenho no território nacional, segundo dados do Sebrae. O levantamento tem como referência o primeiro trimestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano anterior. À frente do estado paraibano com maior número estão: Ceará (56,8%), Piauí (55,3%) e Amazonas (51,3%).

O dado positivo observado na Paraíba é também superior à média do Brasil, que ficou em 33,4% na variação comparada entre os dois períodos entre 2024 e 2025. Considerando a abertura acumulada de pequenos negócios neste trimestre, o levantamento aponta que o estado paraibano apresentou o saldo de 19.169 registros.
Entre os estados do Nordeste, esse foi o quarto melhor resultado, ficando atrás apenas de estados como Bahia (63.173), Ceará (42.441) e Pernambuco (40.566). Completam a relação da estatística: Maranhão (17.715), Rio Grande do Norte (15.260), Alagoas (12.685), Piauí (11.581) e Sergipe (9.437).

De acordo com a gerente da Unidade de Gestão Estratégica e Monitoramento do Sebrae/PB, Ivani Costa, os números revelados pelo levantamento traduzem a existência de um cenário positivo no ambiente de negócios, o que colabora para o fortalecimento das atividades econômicas. “Isso mostra que o ambiente empreendedor paraibano está aquecido e favorável, refletindo políticas de incentivo e confiança dos empreendedores locais. Os dados reforçam a força da Paraíba no cenário nacional e regional da economia empreendedora”, avalia.

No contexto nacional, São Paulo (28,6%), Minas Gerais (10,9%) e Rio de Janeiro (7,8%) lideram a abertura de pequenos negócios até março de 2025, concentrando a maior participação entre os estados. Os setores de serviço (63,7%) e comércio (20,8%) são os que concentraram maior abertura de pequenos negócios no mês de março em todo o país. Em seguida aparecem indústria de transformação (7,6%), construção (7%), agropecuária (0,8%), SIUP (0,1%) e atividade extrativa mineral (0,03%).

Ainda de acordo com o levantamento, o número de abertura com o registro de MEI no Brasil teve crescimento de 35% até o mês de março deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024, enquanto as MPE apresentaram crescimento de 28%.

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Futebol

CBF define datas e horários de Botafogo-PB x Flamengo pela Copa do Brasil; confira

O primeiro jogo entre Botafogo-PB e Flamengo pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil será disputado no dia 1º de maio, às 20h, no Almeidão, em João Pessoa. De acordo com a CBF, o duelo da volta está marcado para o dia 21 de maio, às 19h, no Maracanã, no Rio de Janeiro.

LEIA MAIS: COPA DO BRASIL: Com ingressos de até R$ 500, saiba os valores cobrados para assistir Botafogo-PB x Flamengo

A equipe que avançar às oitavas de final garantirá uma premiação de R$ 3.638.250, conforme previsto nas cotas da competição para a temporada 2025.

Único representante da Paraíba ainda vivo na Copa do Brasil, o Botafogo-PB chega a essa fase após eliminar a Portuguesa e o Concórdia.

Nesta etapa do torneio, os confrontos são em ida e volta e, em caso de empate no placar agregado, a vaga será decidida nos pênaltis.

Blog do BG PB

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Futebol

COPA DO BRASIL: Com ingressos de até R$ 500, saiba os valores cobrados para assistir Botafogo-PB x Flamengo

Os valores dos ingressos para o aguardado confronto entre Botafogo-PB e Flamengo, válido pela terceira fase da Copa do Brasil, foram definidos. A partida será realizada no Almeidão, em João Pessoa, ainda sem data oficializada pela CBF.

O clube alvinegro definiu preços diferenciados para os setores do estádio. Os ingressos variam de R$ 150 (meia-entrada na Arquibancada Sol) a R$ 500 (inteira nas Cadeiras). Em relação às partidas anteriores no Almeidão, os valores sofreram um reajuste significativo. As vendas para o público geral começam na próxima segunda-feira (21).

Confira os valores anunciados:

Arquibancada Sombra: R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia-entrada)
Cadeiras: R$ 500 (inteira) e R$ 250 (meia-entrada)
Arquibancada Sol (torcida do Flamengo): R$ 400 (inteira) e R$ 200 (meia-entrada)

BG com Arena Correio

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Política

Bolsonaro mantém boa evolução clínica, sem dor e sem outras intercorrências e segue sem previsão de alta

O ex-presidente apresentou melhora nos exames laboratoriais, mas segue sem previsão de alta. Segundo o boletim, Bolsonaro “mantém boa evolução clínica, sem dor e sem outras intercorrências”. As informações são do boletim médico desta quinta-feira, 17.

Ele também continua passando por sessões de fisioterapia motora e respiratória. A equipe médica que o acompanha também manteve a recomendação de que ele não receba visitas.

“Minha evolução clínica tem sido positiva: não sinto maiores dores e, até o momento, não houve novas intercorrências. Os exames laboratoriais também indicam melhora, o que me traz mais alento e esperança a cada dia. Pois com a evolução pós cirurgia a, cada dia passado com evolução esperada, maiores são as chances de menores complicações”, publicou o ex-presidente.

Bolsonaro passou por uma cirurgia de 12 horas no último domingo, 13, e deve permanecer em recuperação na unidade de saúde, O procedimento foi feito após o ex-presidente sentir dores abdominais na sexta-feira, 11, quando passou mal durante um evento político no interior do Rio Grande do Norte.

Terra

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Economia

Petrobras anuncia redução do preço do diesel em R$ 0,12 por litro vendido às distribuidoras

Foto: Petrobras/Divulgação/Arquivo

A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (17) que vai reduzir o preço do óleo diesel vendido às distribuidoras em R$ 0,12 por litro a partir desta sexta-feira (18).

De acordo com a estatal, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será de R$ 2,95 por litro.

A Petrobras calcula que haverá uma redução de R$ 0,10 na bomba. Isso porque o diesel fóssil vendido pela estatal às distribuidoras é misturado ao biodiesel, na proporção de 86% fóssil e 14% biocombustível.

A nova redução anunciada nesta quinta-feira (17) deve reverter o aumento de R$ 0,22 implementado em janeiro.

As quedas no preço do petróleo no mercado internacional têm levado às reduções no preço do diesel no Brasil.

A disputa comercial desencadeada pelas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está levando à redução nas estimativas de demanda global por petróleo e à queda no preço do barril.

g1

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Brasil

Governo Lula envia R$ 27 milhões ao STF como crédito extraordinário

Crédito extraordinário é um crédito adicional que serve para atender a despesas “imprevisíveis e urgentes”, segundo o Senado Federal | Foto: Wilton Junior / Estadão

O governo federal assinou uma medida provisória que abre crédito extraordinário de R$ 27,4 milhões em favor do Supremo Tribunal Federal (STF). A publicação no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 17, afirma que o recurso é destinado a cobrir despesas relacionadas à “apreciação e julgamento de causas” na Corte.

O documento é assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB).

Crédito extraordinário é um crédito adicional que serve para atender a despesas “imprevisíveis e urgentes”. Esse tipo de crédito deve ser aberto por meio de medida provisória, pelo Poder Executivo.

O montante de R$ 27,4 milhões foi aprovado pela Corte em dezembro, e agora liberado pelo governo. A decisão do STF foi tomada em julgamento virtual, após ataque a bomba na sede do Tribunal em novembro.

O dinheiro será usado, entre outros itens, para solução antidrone, câmeras termais, aparelhos de raio-x, detectores de metais e rádio comunicadores. O valor também será usado para compra de coldres e porta carregadores, munições de treino, pinos hidráulicos, espectômetro de massa, além de novas guaritas e licença de software de segurança.

Estadão Conteúdo

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Brasil

Moraes é juiz com ‘poder excessivo’ e Supremo deve exercer ‘moderação’, diz The Economist

Foto: Divulgação

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve exercer “moderação” se não quiser virar alvo de uma crise de confiança dos brasileiros, diz artigo publicado nesta quarta-feira (16) pela revista inglesa The Economist.

Para “restaurar sua imagem de imparcialidade”, a corte deveria realizar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar uma suposta trama golpista, no plenário.

O caso está sendo julgado atualmente pela Primeira Turma, composta por cinco ministros: Cristiano Zanin (presidente), Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia.

“Dos cinco, um é ex-advogado pessoal de Lula [Zanin] e outro é seu ex-ministro da Justiça [Dino]. O julgamento, portanto, corre o risco de reforçar a percepção de que o tribunal é guiado tanto pela política quanto pela lei.”

Com fortes críticas ao ministro Alexandre de Moraes, que está exercendo “poderes surpreendentemente amplos, que têm como alvo predominantemente atores de direita”, a revista afirma que “juízes individuais devem evitar emitir decisões monocráticas, especialmente em questões políticas sensíveis”.

No artigo da The Economist, a revista semanal lembra que a democracia brasileira foi alvo de “um duro golpe” nos últimos 20 anos e “grande parte da culpa recai sobre seus políticos corruptos”.

“Todos os presidentes desde 2003 foram acusados de violar a lei”, diz o artigo, mencionando o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, motivado, segundo a revista, “por fraudar as contas públicas”. Na mesma esteira, o texto afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já foi preso por corrupção (os processos foram posteriormente anulados), e que Bolsonaro em breve será julgado por envolvimento em uma suposta trama golpista que o manteria no poder.

“Mas a democracia brasileira tem outro problema: juízes com poder excessivo. E nenhuma figura personifica isso melhor do que Alexandre de Moraes, que ocupa o cargo no Supremo Tribunal Federal. Seu histórico mostra que o Poder Judiciário precisa ser reduzido.”

Estão no centro dessa discussão sobre o poder do ministro as recentes decisões proferidas por Moraes em relação à plataforma X, de Elon Musk.

No ano passado, Moraes determinou o bloqueio do acesso à plataforma no Brasil, decisão que durou mais de um mês, além do congelamento das contas bancárias da Starlink, empresa de internet via satélite de Musk.

O ministro também determinou a remoção de centenas de contas pró-Bolsonaro da plataforma, em decisões monocráticas, ou seja, que não tiveram a participação dos demais ministros da corte.

“O sr. Moraes responde às críticas com autoridade. Pressionado no ano passado sobre se o tribunal deveria adotar um código de ética, como a Suprema Corte dos Estados Unidos fez em 2023, o sr. Moraes afirmou que ‘não há a menor necessidade.’”

A revista então defende que, após a conclusão do julgamento de Bolsonaro, o Congresso retome “a tarefa de policiar a liberdade de expressão online do sr. Moraes”.

Na terça-feira, o ministro, em outra decisão monocrática, suspendeu o processo de extradição de um cidadão búlgaro que teria cometido crimes na Espanha em 2022.

Em sua decisão, Moraes diz que a Espanha descumpriu o “requisito de reciprocidade” no tratado de extradição que mantém com o Brasil ao negar a extradição do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio.

Moraes também pediu explicações ao embaixador da Espanha no Brasil e converteu a prisão preventiva de Vasilev em prisão domiciliar no Brasil, com uso de tornozeleira eletrônica.

A revista atribui os poderes e prestígio conquistados pelo Supremo à perda de legitimidade do Executivo e aos “impasses e escândalos” nos quais o Congresso “se viu atolado”.

O “comportamento perigoso e antidemocrático de Bolsonaro, tanto no cargo quanto após sua destituição pelos eleitores, deu ao tribunal mais justificativa para usar sua influência em defesa do Estado de Direito”. No texto, é mencionado que o ex-presidente é acusado de ter planejado a morte de Moraes, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) antes de assumirem o cargo.

“Essas são acusações graves, e o tribunal deve ponderar as evidências e condenar, se for o caso. O problema é que há crescentes questionamentos sobre o próprio comportamento do tribunal, a qualidade da justiça que ele oferece e a adequação de suas punições.”

A favor da corte também está, segundo a revista, o julgamento do mensalão, em 2012, quando o tribunal se tornou “mais disposto a fazer valer seus poderes”.

Ficou conhecido como mensalão o esquema de corrupção envolvendo o pagamento de propina dos primeiros governos Lula a parlamentares de diversos partidos em troca da aprovação dos projetos do governo. Seu julgamento, realizado pelo plenário do Supremo, isto é, pelos 11 ministros, foi televisionado, colocando a corte sob os holofotes.

A Operação Lava Jato, que veio logo em seguida ao mensalão, durando uma década de investigações e prisões de suspeitos de corrupção envolvendo a Petrobras e os governos petistas, também é mencionada no texto, como mais um caso de contradição da corte.

“O tribunal manteve as penas de prisão para dezenas de políticos e empresários considerados culpados de corrupção, mas depois mudou de ideia e anulou as condenações de Lula em 2021 por questões processuais. Em 2023, o presidente do tribunal se gabou de ter ‘derrotado Bolsonaro’”.

O episódio mencionado pela revista envolve o ministro Luís Roberto Barroso. Antes de assumir a presidência do STF, em 2023, Barroso fez um discurso no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília. Na sua fala, o ministro afirmou que havia lutado “contra a ditadura e contra o bolsonarismo”.

“Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, afirmou o ministro.

Na esteira das críticas aos ministros do Supremo, a revista The Economist lembrou que “um único juiz, José Antonio Dias Toffoli, anulou quase todas as provas descobertas durante a Lava Jato e abriu uma investigação duvidosa sobre a Transparência Internacional, um grupo anticorrupção sediado em Berlim”.

E mencionou também o ministro Gilmar Mendes, que “organiza uma reunião chamativa com a presença do tipo de pessoas influentes que costumam ter negócios em pauta”.

A reunião mencionada é o Fórum Jurídico que acontece em Lisboa anualmente, organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), de propriedade de Gilmar Mendes.

O evento privado faz até a corte mudar a agenda de julgamentos, recebe convidados da alta esfera política-empresarial e é pouco transparente em relação aos seus custos. Foi na edição do ano passado, inclusive, que Moraes afirmou que não havia necessidade da criação de um código de ética para o Supremo.

A revista pondera, no entanto, que o STF está agindo na legalidade.

“Seus poderes advêm da Constituição brasileira, uma das mais longas do mundo, e permite que partidos políticos, sindicatos e muitas outras organizações apresentem casos diretamente ao Supremo Tribunal Federal, em vez de deixá-los passar por tribunais inferiores.”

Na prática, isso significa, segundo a revista, que o Supremo “cria leis sobre questões que seriam decididas por autoridades eleitas em muitos outros países. Um único juiz pode proferir decisões unilateralmente com graves repercussões, conhecidas como “decisões monocráticas”.

O poder da corte suprema brasileira vem de intervenções que ocorrem, por sua vez, “porque as outras instituições brasileiras fazem seu trabalho mal. O Congresso há muito tempo aguarda um projeto de lei que estabeleceria regras claras para a liberdade de expressão online. Em vez disso, surrealmente, está gastando seu tempo ponderando uma legislação que perdoaria aqueles que atacaram prédios do governo após a derrota eleitoral de Bolsonaro”.

Conhecido como “PL das Fake News”, o projeto de lei que visa regular as plataformas digitais no Brasil tramita na Câmara dos Deputados desde 2020 e nunca foi à votação no plenário.

Já a lei da anistia, projeto que pode conferir liberdade aos envolvidos na suposta trama golpista, incluindo Bolsonaro, teve seu pedido de urgência protocolado nesta semana.

Se aprovado, o requerimento de urgência deverá acelerar a tramitação do projeto, fazendo com que ele seja posto em votação sem ter que passar por todas as comissões normalmente previstas.

Por fim, a revista adverte que há uma “ameaça tripla”.

“Um perigo é que a qualidade da tomada de decisões no Supremo Tribunal Federal se deteriore à medida que sua competência se expande implacavelmente. Em segundo lugar, quanto mais o STF busca administrar a política, mais perde apoio público: apenas 12% das pessoas dizem que ele está fazendo um trabalho “bom” ou “ótimo”, em comparação com 31% em 2022. Em terceiro lugar, esse poder irrestrito aumenta a ameaça de o STF se tornar um instrumento de impulsos iliberais que infringem a liberdade, em vez de apoiá-la.”

A pesquisa mencionada pela The Economist foi realizada pelo PoderData em dezembro do ano passado.

“Os brasileiros perderam a fé em dois dos seus três Poderes. É essencial evitar uma crise de confiança generalizada no terceiro”, conclui a revista inglesa.

Folha de S. Paulo

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Brasil

Texto alternativo para PL da Anistia é discutido no Congresso

Imagem: Joédson Alves/Agência Brasil

A cúpula do Congresso e ministros do Supremo Tribunal Federal debatem um texto alternativo à proposta de anistia. O intuito é modificar a Lei de Golpe de Estado, e reduzir a pena de réus de menor importância condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

Neste caso, o ex-presidente Jair Bolsonaro e os ex-ministros e militares de alta patente, acusados de liderar a tentativa de golpe, não seriam beneficiados pela mudança. A lei existente não permite diferenciar financiadores, organizadores e líderes dos demais réus de menor importância, mas com a aprovação do projeto, haveria uma redução de 1/6 para 1/3 da pena de condenados com papel secundário na invasão à Praça dos Três Poderes.

A intenção é fazer com que a proposta não seja inconstitucional e a anistia geral fique de lado. Por outro lado, Gleisi Hoffman, a Ministra da Articulação, trabalha pela retirada dos votos de deputados de partidos que comandam ministérios e assinaram a urgência da Anistia.

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