Foto: Ricardo Stuckert
O primeiro ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva foi marcado pela reembalagem de iniciativas criadas em governos anteriores do PT, como o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e por promessas adiadas.
De novo à frente do Palácio do Planalto, porém, Lula deixou para trás compromissos que o ajudaram a voltar até lá. Promessas que inovariam políticas públicas na comparação com mandatos anteriores ainda não se concretizaram ou já foram abandonadas, como a criação do Ministério da Segurança Pública e a isenção do Imposto de Renda para os brasileiros que ganham até R$ 5 mil por mês.
Neste ano, a isenção ficou restrita a remunerações próximas dos R$ 2 mil, e a ideia de se criar uma pasta voltada especificamente ao combate à criminalidade perdeu força. Em 30 de agosto do ano passado, durante a campanha eleitoral, Lula disse em um encontro com governadores que teria o ministério da Segurança Pública. De lá para cá, o senador Flávio Dino (PSB) foi escolhido ministro da Justiça, se opôs ao fatiamento da pasta, e o plano foi esquecido.
Para os ministros do Planalto, o primeiro ano é dividido em dois momentos e, na avaliação deles, não há problema em focar na readequação de programas sociais gestados em governos do PT. O momento inicial poderia ser simbolizado pelo slogan “O Brasil voltou”, dizem. Neste sentido, o Bolsa Família de R$ 600, mais a concessão de R$ 150 por criança, foi a principal vitrine. Além de assegurar o benefício, a comunicação do Executivo mirava reavivar a “memória afetiva” dos primeiros mandatos.
Na mesma toada, foi reciclado o Mais Médicos, herança da gestão de Dilma Rousseff, que abriu as portas do sistema de saúde para médicos cubanos. Desta vez, porém, o governo vai priorizar profissionais brasileiros. O Executivo também reinstalou o Minha Casa Minha Vida, que subsidia a compra de moradias.
Representação feminina
Além de ter cumprido um primeiro ano de gestão em que mais recicla iniciativas do que inova, Lula não levou adiante promessas que diferenciariam o terceiro mandato dos outros. Uma das delas é o aumento da representação feminina em postos de destaque. Desde que voltou ao Planalto, ele desalojou três mulheres do alto escalão do Executivo e não compensou a saída de uma delas no Judiciário. Para abrigar o Centrão na Esplanada, demitiu Ana Moser do Ministério do Esporte, e nomeou André Fufuca, do PP. Daniela Carneiro foi substituída por Celso Sabino (União Brasil) no Turismo, enquanto na Caixa Rita Serrano deu lugar a Carlos Vieira, próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O Globo
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