Todos os anos, centenas de bebês nascem com sífilis na Paraíba. A infecção sexualmente transmissível, passada de mãe para filho durante a gestação, atinge em média 300 recém-nascidos anualmente desde 2019 no estado. Nos últimos cinco anos, foram notificados 1.607 casos de sífilis em bebês na Paraíba. O número representa 13% do total de diagnósticos.
A sífilis congênita, como é classificada a infecção nos casos dos bebês, tem cura. Mas se ela não for tratada logo após o nascimento da criança pode acarretar complicações graves, como surdez ou cegueira. Em alguns casos, os bebês podem inclusive falecer por causa da infecção.
Os mais vulneráveis à sífilis são os fetos nos ventre das mães que não fazem o tratamento precoce, pois a doença pode passar da placenta da mãe para o bebê, afirmou a médica infectologista Júlia Chaves
De acordo com o Ministério da Saúde, a maior parte dos bebês com sífilis congênita não apresenta sintomas quando nasce. Os sinais podem surgir nos primeiros três meses de vida, durante ou após os dois anos da criança. Por isso, a investigação da infecção deve acontecer na hora do parto e também no acompanhamento dessas crianças nas consultas, com realização de testes.
Os bebês que estão expostos à sífilis são submetidos a avaliações neurológicas, oftalmológicas e audiológicas, além de precisarem de internação hospitalar em alguns casos.
Como prevenir?
A sífilis congênita pode ser prevenida por meio de pré-natal adequado e com qualidade nas gestantes. Assim, é fundamental que as grávidas sejam testadas no primeiro e terceiro trimestres de gestação e também no momento do parto ou em casos de aborto. Na Paraíba, 5.941 grávidas já foram diagnosticadas com sífilis desde 2019, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
É importante dizer que as gestantes com diagnóstico de sífilis devem ser tratadas e acompanhadas adequadamente para evitar reinfecção após o tratamento. Além disso, segundo a infectologista Júlia Chaves, é essencial também usar preservativos durante relações sexuais.
Sífilis na Paraíba
Dados da SES, ainda revelam que desde 2019 mais de 12 mil pessoas foram diagnosticadas com sífilis na Paraíba. Desse total, além das infecções congênitas em bebês e dos diagnósticos em gestantes, 6.118 notificações são de casos de sífilis adquirida. Apesar de alto, o número, no entanto, pode estar subnotificado.
A médica Júlia Chaves disse que uma das principais causas da subnotificação é a ausência de sintomas em casos de sífilis. “Muitas vezes a pessoa só se submete ao exame após surgirem lesões de pele, que podem demorar meses e até anos para aparecer. E um dos riscos dessa subnotificação é o aumento do número da sífilis tardia com complicações, como neurossífilis e sífilis cardiovascular”, afirmou.
Por isso, a infectologista faz um alerta: “Todos que fazem sexo devem fazer exames sorológicos de rotina, mesmo sem ter sintomas. Assim como fazemos exames de hemograma e urina sem ter sintomas”.
Onde procurar ajuda?
Em João Pessoa, o tratamento para pessoas infectadas com a sífilis é feito com aplicação de penicilina nas Unidades de Saúde da Família (USF). Nesses locais, também são realizados testes rápidos para a identificação desta e de outras ISTs.
Além das USFs, o Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS e Centro de Testagem e Aconselhamento em ISTs (SAE/CTA), na Policlínica Municipal de Jaguaribe, também disponibiliza à população testes rápidos e ações de prevenção contra a sífilis. O local é referência no atendimento e acompanhamento às pessoas com ISTs no município de João Pessoa. O horário de funcionamento do serviço é das 7h às 16h30, de segunda a sexta-feira.
Com T5
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