Lula e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no palácio do ItamaratyBrenno Carvalho / Agência O Globo
A visita do presidente da Venezuela Nicolás Maduro ao Brasil foi mal recebida nas redes sociais, onde prevaleceram as críticas de perfis de direita ao líder do país vizinho. Entre as 326 mil menções ao assunto, 59% tiveram conotação negativa, contra 35% de teor informativo e somente 6% de menções positivas. Os dados são de um levantamento realizado pela Quaest nesta segunda-feira da meia-noite às 17h40.
O alcance das postagens, de acordo com a pesquisa, foi de 530,3 milhões de visualizações. As publicações com maior alcance foram do senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), que criticou as honrarias recebidas por Maduro, e da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, que divulgou a chegada do líder ao país.
Entre as dez contas que mais repercutiram entre as que mencionaram o assunto nesta segunda, sete eram críticas, e somente uma, a de Janja, positiva. As demais, neutras. Viralizaram os comentários de influenciadores bolsonaristas, como Renata Barreto, e de parlamentares de extrema direita, como Nikolas Ferreira (PL-MG).
O debate foi dominado “por atores mais à direita, principalmente com argumentos críticos a Lula, relembrando a proibição do TSE de associar o atual presidente a ditadores durante a campanha nas eleições presidenciais”, diz o relatório da Quaest.
O presidente Lula tem sido criticado por ter afirmado, durante a visita de Maduro, que o encontro é “histórico”. Durante declaração conjunta à imprensa, o presidente brasileiro criticou os Estados Unidos por promoverem embargo econômico à Venezuela. Lula disse que as sanções econômicas são “pior do que uma guerra”, e chamou de “narrativas” as acusações de que o país não vive sob um regime democrático.
Nas redes, a expressão mais citada foi “15 milhões” que se refere a uma recompensa em dólares oferecida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos em 2020 pela prisão de Nicolás Maduro por narcotráfico.
O bolsonarista e deputado federal Zé Trovão (PL-SC), disse nas redes ter enviado um ofício à embaixada dos EUA no Brasil pedindo que se “tome providências muto severas contra” Lula por conta da presença de Maduro. Zé Trovão chemou o líder venezuelano de traficante e afirmou que ele é “procurado por ligação com o narconegócio”. Nas redes, internautas lembraram que o parlamentar já foi flagrado usando cocaína.
A Venezuela é classificada como regime autoritário ou híbrido (quando há eleições, mas também restrições à liberdade) por cientistas políticos. No Democracy Index, publicado anualmente pela revista britânica The Economist, o país é tido como um regime autoritário e aparece na posição 147 entre 167 países. No índice da Freedom House, a Venezuela é classificada como país não livre.
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