Um estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) mostra que a cidade de João Pessoa tem condições socioambientais favoráveis ao Aedes aegypti, mosquito transmissor de diferentes doenças como Dengue, Zika e Chikungunya.
Segundo a pesquisa, os bairros de Mangabeira, Cruz das Armas e Alto do Mateus são os que apresentam condições mais favoráveis à proliferação do Aedes aegypti e, possivelmente, à transmissão de arboviroses, devido a fatores como densidade demográfica, nível educacional, renda média por domicílios, abastecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de resíduos.
No entanto, em 2018 a infestação do mosquito se deu, principalmente, em Manaíra e no Castelo Branco, além de no Alto do Mateus, no mês de julho, por conta da presença de recipientes/depósitos e de armazenamento de água para consumo humano nessas regiões. As notificações de Dengue e de Chikungunya tiveram picos em maio e junho daquele ano.
“Em João Pessoa, o ciclo de vida do Aedes aegypti, ou seja, sua reprodução, eclosão e disseminação ocorrem principalmente em março, na interfase do período seco para o chuvoso. A incidência dos casos de Dengue e Chikungunya é complexa e multifatorial”, explica Anne Freitas, autora do estudo e egressa do curso de doutorado do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFPB.
Segundo a pesquisadora, entre os principais aspectos para incidência de arboviroses, estão ecologia, microclima, epidemiologia, transporte/movimentação de mercadorias e pessoas e condições sociais e urbanas. Especificamente, as condições microclimáticas positivas para fecundidade, fertilidade e sobrevivência do Aedes aegypti são temperatura entre 25 °C e 30 °C, umidade entre 60% e 80% e precipitação até 267 milímetros.
Já as razões socioeconômicas fundamentais são densidade demográfica, nível educacional e renda, abastecimento de água, tratamento de efluentes e coleta de resíduos.
“Levando em consideração que a duração mínima do ciclo de vida da fêmea do Aedes aegypti é de até 58 dias e que o pico de notificações em João Pessoa, em 2018, aconteceu em maio, o mosquito se reproduziu e passou pelos estágios de desenvolvimento (ovo-larva-pupa-adulto) em março e, posteriormente, realizou hematofagia, nome dado nas Ciências Biológicas à alimentação com o sangue de outro animal. É durante esse hábito que vírus são transmitidos aos seres humanos, com aparecimento dos primeiros sintomas em maio”, esclarece a pesquisadora da UFPB.
O estudo foi realizado em nove bairros de João Pessoa: Castelo Branco, Expedicionários, Manaíra, Cabo Branco, Mangabeira, Cruz das Armas, Alto do Mateus, Centro e Bancários, nos quais foi executada a medição de temperatura e de umidade do ar por meio do aparelho Termo-higrômetro Digital com data logger HOBO, um registrador de dados
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba, referente a arboviroses e publicado em 30 de maio de 2022, foram registrados mais de 300 casos e um óbito por arboviroses neste ano, em João Pessoa, até agora. No Estado, são 13.568 casos prováveis de Dengue, 9.332 de Chikungunya e 375 de Zika, totalizando 23.275 casos prováveis e 20 óbitos suspeitos de arboviroses até aqui, na Paraíba.
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