O Banco Central paralisou a perícia de cédulas falsas em março do ano passado, início da pandemia de Covid-19. O serviço ficou parado por mais de um ano, até 31 de maio, e agora a autoridade monetária tem um estoque de 260 mil notas a espera de análise.
Entre as serem examinadas, também estão cédulas desgastadas, avaliadas para que o BC decida se podem ou não voltar a circular. Caso sejam inadequadas, a autarquia faz a substituição.
Após o retorno da perícia, foram analisadas 340 mil cédulas e foi constatado que 200 mil são falsas. Entre elas, 10.800 são de R$ 200, o equivalente a 5,4%.
Como a análise das cédulas recebidas entre março de 2020 e maio de 2021 ainda não foi completada, o BC parou de publicar a estatística mensal de apreensão de cédulas falsas, que deve ser retomada em novembro. O último dado disponível é o acumulado de 2019, quando foram apreendidas 492.193 cédulas falsas.
Nesse período, os bancos receberam 600 mil unidades -entre suspeitas e desgastadas-, mas não puderam repassar à autarquia. De acordo com o BC, desde o retorno das atividades, mais da metade já foi examinada.
“No período em questão, cabe esclarecer que o Banco Central seguiu processando de forma automatizada o numerário proveniente da rede bancária, verificando a quantidade e o nível de desgaste das cédulas. Durante este processo, é possível identificar cédulas falsas. Tais cédulas foram separadas, analisadas e já integram as estatísticas de falsificação”, disse o BC.
O argumento da autoridade monetária é que serviços essenciais, como distribuição de numerário, foram priorizados durante a crise sanitária.
A orientação é que quem receber dinheiro suspeito e só perceber depois deve levar a cédula ou moeda a uma agência bancária. A instituição anota os dados da pessoa e envia ao BC.
Se for comprovado que a cédula é legítima, a pessoa é ressarcida pelo banco. Caso contrário, não há reembolso. Aquele que entregou a cédula pode consultar a situação da análise no site do BC.
Caso a cédula tenha sido sacada no banco, o cliente pode pedir ressarcimento imediato.
Antes da pandemia, os bancos tinham até 45 dias para enviar o dinheiro suspeito ao BC, que tinha mais 20 dias para analisar. Se o exame apontasse que o dinheiro é legítimo, o banco tinha até 24 horas para depositar o valor na conta do cliente.
Se a pessoa que entregou o dinheiro não for correntista da instituição, o prazo para comunicar a disponibilidade do valor era de três dias úteis.
Enquanto o serviço ficou paralisado, no entanto, aqueles que mandaram cédulas para análise ficaram sem resposta.
“É importante que se leve a cédula suspeita ao banco para parar a circulação e porque repassar nota falsa é crime”, explica Alessandro Azzoni, advogado, economista e conselheiro da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
“O ideal é checar os elementos de segurança da nota no momento em que a recebe”, pontuou o especialista.
Apesar da falta de estatística, Azzoni disse acreditar que a circulação de notas falsas diminuiu na pandemia. “Com as pessoas em casa, aumentou o uso de pagamentos eletrônicos e outros dados mostram isso, como de utilização de cartão por aproximação”, avaliou.
Segundo ele, a paralisação da perícia não atrapalhou a ação da Polícia Federal, porque assim que as cédulas são entregues aos bancos, a corporação começa a investigação.
O BC afirmou que tem convênio de cooperação com a Polícia Federal. “As análises efetuadas em cédulas recebidas para exame em ambas as instituições são compartilhadas”, disse.
Com informações FolhaPress
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