
A renúncia fiscal na Paraíba aumentará 151,7% em 10 anos, passando de R$ 1,3 bilhão em 2015 para R$ 3,2 bilhões em 2025. É o que projeta a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) em um estudo inédito sobre benefícios fiscais concedidos a empresas para se instalarem no estado.
Conforme o estudo, a média de renúncia total de R$ 27,8 bilhões no período, sendo a quarta maior do Nordeste, atrás apenas da Bahia e Pernambuco, e a 13ª do país.
Em 2023, foi a unidade da federação com maior estimativa de renúncia fiscal do nordeste e o 9º do país, quando comparada à receita total de cada estado. Foram R$ 3,06 bilhões concedidos dos R$ 15,2 bilhões de receita, o que significa, 20,09% do total dos recursos locais.

Quando se refere ao Produto Interno Bruto (PIB), a Paraíba foi o terceiro estado brasileiro com maior renúncia fiscal, atingindo 2,53%, em 2021. O benefício concedido foi de R$ 1,9 bilhão, enquanto o PIB estadual alcançou R$ 77,4 bilhões, de acordo com o PIB de 2020, último ano divulgado pelo IBGE.
Maiores renúncias
No ano, o setor do comércio recebeu 52,04% das renúncias, totalizando R$ 1,59 bilhão, seguido pela indústria, com R$ 1,21 bilhão (39,5%). Os setores restantes incluem outros (3,75%), agropecuária (2,28%) e serviços (1,61%).
João Pessoa concentrou 72,2% das renúncias fiscais, seguida por Campina Grande, com 21,67%. As demais regiões, como Sousa, Patos e Guarabira, ficam com menos de 4% cada.
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o principal instrumento de renúncia fiscal, representando R$ 3,06 bilhões (99,17%). O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) responde por 0,55% (R$ 16,74 milhões), enquanto o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) contribui com 0,28% (R$ 8,56 milhões), com dados de 2023.
O estudo utilizou dados das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) dos estados e do Distrito Federal entre 2015 e 2023, atualizados pelo IPCA de 2022. A comparação com outras unidades da federação considerou apenas os impostos estaduais (ICMS, IPVA e ITCMD).
Problemas na renúncia
Ao Conversa Política o economista Juliano Goularti, autor do estudo junto com a historiadora Talita Alves de Messias, disse que em termos gerais, a renúncia fiscal reduz a receita pública disponível para o financiamento de serviços essenciais e pode gerar déficits orçamentários quando mal planejada.
No caso específico da Paraíba, o especialista sinalizou a falta de transparência na avaliação dos resultados das renúncias fiscais dificulta o controle orçamentário, incentivando a evasão fiscal, comprometendo a competitividade e favorecendo grandes empresas. “A incapacidade de medir o retorno dos incentivos fiscais questiona sua real efetividade”, conclui.
Comente aqui