A Polícia Federal e o Gaeco têm aprofundado as investigações no âmbito da Operação ‘En Passant’, em Cabedelo. E além da prática de aliciamento violento de eleitores, a apuração tem outras frentes. Uma delas a investigação em torno do crime de corrupção eleitoral, ou compra de votos.
Os indícios começaram a ser vasculhados após a análise do aparelho celular de Flávia Monteiro, ex-servidora do município, depois da primeira fase mês passado. Ela foi presa na segunda fase da investigação.
No aparelho os investigadores encontraram comprovantes de votação e pix realizados, o que indicariam uma suposta compra de votos.
Fontes da investigação revelaram ao Blog que esse foi um dos motivos determinantes para o pedido de prisão, atendido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Flávia seria um dos elos entre a facção investigada, liderada pelo traficante Flávio de Lima Monteiro, conhecido como ‘Fatoka’, e o poder público municipal. O grupo chegou a cogitar a possibilidade de lançar uma candidatura ao Legislativo para representar a ‘facção’ – conforme apura a PF.
As suspeitas são de que ‘Fatoka’ tenha fugido para o Rio de Janeiro.
No inquérito ainda consta a apreensão, na primeira fase, de listas de pessoas nomeadas na gestão municipal e os nomes dos autores das indicações. Em alguns há, conforme os investigadores relataram ao Blog, as letras “FTK” – que seriam uma referência ao traficante.
No total 8 pessoas foram desligadas da prefeitura após a primeira fase da Operação. Entre elas a investigada Flávia Monteiro.
A segunda fase e as cautelares
Semana passada a Polícia Federal e o Gaeco cumpriram mandados de busca e um de prisão, expedido contra Flávia Monteiro. As buscas tiveram entre os alvos o atual prefeito do município, Victor Hugo (Avante); o prefeito eleito André Coutinho (Avante); e o vereador Márcio Silva (União Brasil).
Em nota, os três negaram qualquer envolvimento com as práticas investigadas e disseram estar à disposição da Justiça – para colaborar com as apurações.
Aliados de Victor Hugo dizem que a gestão não possui relações com a facção investigada. Eles afirmam que as nomeações atenderam a pedidos de vereadores, estes ligados a ‘Fatoka’.
Em decorrência da segunda fase o TRE determinou o cumprimento de três medidas cautelares para os investigados: a proibição de deixar a Comarca sem comunicação ao juízo, recolhimento domiciliar e a proibição de manter contato com outros investigados.
O blog ainda não conseguiu contato com a defesa de Flávia Monteiro.
Outros fatos
Em uma representação feita pela PF, ainda na primeira fase da apuração, consta o relato de um vereador da cidade que foi ameaçado pelo grupo de ‘Fatoka’.
O parlamentar teria se negado a nomear pessoas indicadas pelo traficante para o seu gabinete na Câmara.
Tempos depois, conforme a PF, essas pessoas foram nomeadas na prefeitura. Como consequência da recusa a facção teria feito ameaças e até destruído a casa de familiares do parlamentar. Pessoas que teriam sido ameaçadas chegaram a deixar a cidade, por conta da ação do grupo.
O ‘modelo’ investigado em Cabedelo, em linhas gerais, é semelhante ao que teria sido encontrado no âmbito das operações Território Livre e Mandare, em João Pessoa.
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