O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu demitir neste sábado (21) o comandante do Exército, o general Júlio César Arruda, 62 anos. O general e comandante militar do Sudeste, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, 62 anos, foi escolhido para assumir o posto.
Lula se encontrou com comandantes das Forças Armadas na sexta-feira (20), em reunião articulada pelo ministro da Defesa, José Múcio, para reaproximar o presidente dos militares depois dos atos de extremistas que destruíram as sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro.
Na ocasião, conversou por mais de 2 horas com os comandantes das Forças Armadas no Palácio do Planalto.
A conversa estava marcada para 10h, mas começou por volta das 10h40. Terminou aproximadamente às 13h. Depois, os participantes continuaram sem o presidente, no gabinete do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
O encontro, no entanto, desagradou os líderes militares depois que Lula convidou o presidente da Fiesp, Josué Gomes, para participar.
De acordo com o governo, Josué participou da reunião para falar sobre como impulsionar a indústria militar no país. A presença do empresário também seria para passar recado aos militares e lembrar aos comandantes das Forças Armadas que a relação de Lula com os fardados foi tranquila nos outros mandatos do presidente. Não colou.
Segundo apurou o Poder360, a presença do presidente da Fiesp também desagradou os militares, que acham que Lula está usando uma reunião delicada para prestigiar o amigo, que teve a destituição do comando da Fiesp aprovada em assembleia. A entidade, no entanto, não reconheceu a validade da votação e diz que ele segue no “exercício pleno de suas funções”. Para os comandantes das Forças Armadas, a presença de Josué impede uma conversa franca e direta sobre segurança nacional com Lula.
Tensão entre Lula e militares
Lula demonstrou publicamente sua desconfiança em relação aos militares depois de 8 de Janeiro, quando extremistas descontentes com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para o petista invadiram e depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. Esses grupos ficaram acampados em frente a quartéis depois do resultado da eleição.
O presidente afirmou que militares do Planalto foram coniventes com a invasão. Disse que não tem ajudante de ordens porque teme ser alvo de um atentado.
Ele também afirmou que uma operação de garantia da lei e da ordem, que colocaria militares para cuidar da segurança pública de Brasília, resultaria num golpe de Estado.
Lula deu a declarações com esse teor em reunião com governadores e em café da manhã com jornalistas nos dias seguintes ao atentado. Em entrevista à GloboNews, na 4ª feira (18.jan), ele disse que os militares que participaram dos ataques serão punidos.
Militares da ativa que estavam lotados na Presidência da República e no Gabinete de Segurança Institucional participaram de manifestações contra Lula em frente a quartéis.
As Forças Armadas foram parte fundamental do governo de Jair Bolsonaro. Oficiais ocuparam ministérios, a vice-presidência e outros cargos no governo federal. Bolsonaro costumava, mesmo antes de ser eleito, discursar em eventos militares.
Comente aqui