A ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza voltou de uma visita na penitenciária Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó, com dinheiro nas partes íntimas e números de telefones de advogados escritos por dentro da calça.
A afirmação é da policial penal Fabiana Borges Ribeiro, ouvida em inquérito na 34ª DP (Bangu), na última quinta-feira. A investigação foi aberta para apurar uma denúncia de extorsão e ameaças a Flordelis dentro da cadeia, feita em notícia-crime enviada à delegacia. A policial penal que prestou depoimento é apontada pela ex-parlamentar, no documento, como uma das responsáveis por “constrangimentos” sofridos.
Fabiana relata que Flordelis retornava da visita, no dia 4 do mês passado, quando foi flagrada dentro do compartimento do scanner corporal, em uma câmera que existe no local, tentando retirar algo da calça. Ela afirma que imediatamente a pastora foi levada para outro setor. Em seguida, Fabiana e outra colega começaram a conversar com Flordelis, que espontaneamente retirou da partes íntimas R$ 72 em espécie. Após o episódio, foi aberto novo procedimento disciplinar contra Flordelis pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio.
O advogado Angelo Máximo afirma que em nenhum momento Flordelis teve integridade física e psicológica violadas, já que foi submetida ao scanner corporal como ocorre com todos que entram nas unidades prisionais.
Sobre o posicionamento de Máximo, o advogado Rodrigo Faucz afirmou que Flordelis estava com anotações de telefones de advogados porque já houve situações no presídio nas quais precisou fornecer o contato daqueles que a defendem, mas ela não possuía os números à mão. Além disso, Faucz refuta afirmativa do assistente de acusação de que a ex-parlamentar não sofreu violação de sua integridade física e psicológica na cadeia.
— Ele (Angelo Máximo) estava lá? Ele sabe? Isso é um absurdo. É outro absurdo de alguém que quer funcionar (no processo) como vingador — acrescentou.
Telefone celular na cela
A ex-parlamentar já foi punida em outro procedimento, após um telefone celular ter sido encontrado em sua cela na cadeia, em maio deste ano. Na ocasião, Flordelis admitiu que usou o aparelho para conversar com o namorado. Na notícia-crime encaminhada à polícia, a pastora afirma que os episódios de extorsão e ameaças tiveram início depois desse episódio.
‘Ato de desespero’
Na notícia-crime, a ex-parlamentar admite que no dia 4 de outubro estava com dinheiro escondido no retorno da visita, e alegou ter agido dessa forma porque estava com quantia acima da permitida. Ela alega ainda que ingressou com o valor “em ato de desespero”, uma vez que estava com dificuldades de pagar o que foi exigido nos episódios de extorsão.
Flordelis é acusada de ser mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, assassinado em junho de 2019. Ela está presa na penitenciária Talavera Bruce desde agosto do ano passado. No próximo dia 7, Flordelis, três filhos e uma neta serão julgados por envolvimento na morte de Anderson.
O Globo
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