
A Globo mentiu ao dizer que Marcius Melhem saiu da emissora em comum acordo. À Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro, que investiga as denúncias de assédio sexual contra o humorista, os diretores e o departamento de compliance da empresa afirmaram que a sua saída foi “recomendada por práticas abusivas” feitas por ele como diretor de Humor.
A informação foi publicada pela revista Piauí na última segunda-feira (14), em uma reportagem embargada desde agosto de 2021 pela Justiça a pedido do próprio humorista. Uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em 31 de janeiro deste ano autorizou a publicação.
A demissão ocorreu após as denúncias de assédio por parte de Dani Calabresa e Maria Clara Gueiros, em 2019.
Mônica Albuquerque, então diretora da área de DAA (Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico) da Globo pediu à empresa que fossem relatados, de forma clara, os motivos que levaram Melhem a sair do conglomerado de mídia. O pedido da executiva não foi atendido.
Segundo documentos obtidos pela revista, as investigações da empresa davam conta de que, inicialmente, as acusações de Dani Calabresa eram apenas um caso isolado.
Dias depois, em 23 de janeiro do mesmo ano, Monica mudou o tom. Disse que havia outros relatos de assédio e determinou que o compliance fosse imediatamente acionado. Dois meses depois, em 16 de março, o grupo recomendou a demissão do cargo de diretor de Humor da Globo, e a suspensão por 180 dias das funções de ator e humorista.
Na nota oficial de agosto de 2020, a empresa comunicou: “A Globo e Marcius Melhem, em comum acordo, encerraram a parceria de 17 anos de sucessos. O artista, que deu importante contribuição para a renovação do humor nas diversas plataformas da empresa, estava de licença desde março para acompanhar o tratamento de sua filha no exterior”.
Questionada pelo Notícias da TV sobre os motivos de ter omitido a verdade, a Comunicação da Globo enviou a seguinte nota: “Este é um assunto de compliance, e, como esclarecemos anteriormente, a Globo não se manifesta sobre questões de compliance, em razão do compromisso de sigilo previsto em nosso Código de Ética”.
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