Tecnologia

Ataques hackers contra empresas triplicam na pandemia e acendem alerta de segurança

Imagem: Pixabay

Uma pesquisa realizada pela Agência EY mostra que o número de ataques cibernéticos contra empresas cresceu 300% em todo mundo durante a pandemia.

O levantamento aponta que a maioria dos ataques são feitos por meio de phising (método que engana os usuários para conseguir dados ou invadir sistemas), malware (roubo e danificação de dispositivos) ou por ataques de negação de serviço.

Outra pesquisa, da Kaspersky, mostra que o Brasil é o país da América Latina em que as empresas sofreram o maior número de ataques (mais de 5 milhões), seguido da Colômbia (1,8 milhão), México (1,7 milhão), Chile (1 milhão) e Peru (507 mil).

Os especialistas apontam que os principais motivos são falhas e desatualizações nos sistemas e falta de treinamento de funcionários. A pandemia também tem sua parcela de culpa, já que muitas empresas foram forçadas a adotar o home office sem terem a segurança necessária para o acesso remoto.

“As empresas criaram servidores remotos por causa da pandemia e esta virou uma das principais portas de entrada de ransoware (quando há pedido de resgate pelos dados). Querendo resolver a questão do trabalho remoto, criam um problema de exposição dos sistemas”, afirma Rodrigo Jorge, diretor executivo de segurança da informação da Neoway.

Investir em tecnologia é importante, mas não resolve completamente as fragilidades de segurança, já que muitos ataques começam por meio de um link ou arquivo malicioso que chega ao e-mail dos funcionários.

“A maioria das grandes empresas já tem um ambiente bem seguro e controlado, mas uma pequena brecha, que pode vir tanto no parque tecnológico como das pessoas, pode ser a porta de entrada para uma infecção”, afirma Denis Riviello, head de cibersegurança da Compugraf.

As grandes companhias já estão investindo em segurança há alguns anos, mas as pequenas e médias não têm a mesma capacidade financeira para isso. Os sistemas de tecnologia costumam ser caros e, com a pandemia, muitas estão lutando para se manter de portas abertas, sem sobras financeiras para investir.

“Uma empresa pequena pode prestar serviço para uma grande. Os hackers podem conseguir entrar no sistema maior por meio das terceirizadas”, afirma Francisco Gomes Júnior, advogado especialista em direito digital.

Apesar de considerar a LGPD positiva, Gomes diz que a lei tem o potencial para deixar as empresas na mão dos hackers e que isso deve aumentar ainda mais o número de ataques nos próximos meses.

“Uma empresa com mais compliance não vai aceitar suborno de hackers, mas vão ter companhias que vão colocar na ponta do lápis o que é mais barato: pagar a multa da ANPD, caso os dados sejam vazados, ou o resgate ao hacker”, afirma Gomes.

Quais os setores mais vulneráveis?

“Hoje todos estão igualmente suscetíveis. Vemos que alguns investem mais, como o financeiro, mas não quer dizer que estão menos expostos”, afirma Riviello.

Quais os dados mais roubados?

Segundo Gomes, no caso de empresas normalmente os hackers bloqueiam o sistema e estão mais interessados no valor que podem conseguir pelo resgate das informações. Quando o alvo são dados de pessoas físicas, os mais comuns são os cadastros bancários, que incluem informações como nome, CPF e score bancário.

Como prevenir os ataques

A melhor forma é investimento em segurança e em treinamento para todos os profissionais da empresa. Uma pesquisa da Deloitte diz que 33% das companhias não oferecem treinamento sobre segurança cibernética e proteção de dados aos seus funcionários. Outras 47% das empresas fornecem a todos os funcionários, 14% apenas aos times de tecnologia, 4% apenas aos profissionais de riscos/governança e 2% aos executivos da companhia.

“A cultura e a conscientização dos funcionários são fundamentais, tanto da área da TI como de todo o resto da empresa. As companhias precisam lembrar que o barato pode sair muito caro quando o assunto é tecnologia. A equipe de segurança é facilitadora, mas tem a missão de que todos enxerguem seu papel dentro da segurança da empresa”, afirma Jorge.

Na Neoway, por exemplo, toda semana a equipe de TI envia simulações de phishing para conscientizar os funcionários. Se alguém clicar no link será avisado que caiu em uma pegadinha. Para Jorge, desta forma a pessoa pensará duas vezes e evita que cliquem quando for de fato uma fraude.

Por causa da LGPD e do início das multas, em agosto deste ano, Riviello diz que as empresas estão investindo mais em tecnologia nos últimos dois anos.

“Vimos esse movimento das empresas mais preocupadas, investindo mais, falando mais sobre segurança e privacidade. Com os ataques e os anúncios acontecendo na mídia de informações vazadas, as primeiras multas, isso reforça o caminho que elas estão seguindo. Vai servir de exemplo, quanto mais modificações houver, mais as empresas vão estar preocupadas, porque vai estar valendo”, afirma Riviello.

Os especialistas orientam que as empresas já trabalhem com um plano para o caso de serem invadidas. Dessa forma, tendem a conseguir resolver a situação de forma mais rápida.

“Hoje a discussão não pode ser mais se você vai ser infectado, mas quando isso vai acontecer. Estamos vendo uma avalanche de tentativas, de ameaças, então as empresas devem se antecipar para estarem preparadas”, afirma Riviello.

Blog do BG com 6 minutos – UOL

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Tecnologia

Brasil é 5º maior alvo de crimes digitais no mundo com 9,1 milhões de ocorrências; Perdas globais podem chegar a US$ 6 trilhões

Mais constantes e cada vez mais sofisticados, os cibercrimes causam prejuízos cada vez maiores às empresas. Apenas neste ano, as perdas globais podem chegar a US$ 6 trilhões – três vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil -, de acordo com estudo conduzido pela consultoria alemã Roland Berger. A percepção de especialistas é a de que esse tipo de crime irá se aperfeiçoar ainda mais com o tempo, com as companhias tendo de gastar cada vez mais para se proteger de ataques com pedidos de resgate.

O Brasil tem sido um dos principais alvos globais. O levantamento da Roland Berger aponta que o País já ultrapassou o volume de ataques do ano passado apenas nesse primeiro semestre, com um total de 9,1 milhões de ocorrências, considerando apenas os de “ransomware”, que restringem o acesso ao sistema infectado e cobram resgate em criptomoedas para que o acesso possa ser restabelecido. Esse número coloca o País na quinta posição mundial de ataques, atrás apenas de EUA, Reino Unido, Alemanha e África do Sul.

Nas últimas semanas, as empresas que não tinham ainda colocado o tema no topo das prioridades mudaram de ideia após o ataque às Lojas Renner, que colocou o assunto ainda mais em evidência no Brasil.

Além da varejista, apenas neste ano sofreram ataques o Fleury, que ficou alguns dias sem conseguir efetuar exames, e a JBS, que pagou US$ 11 milhões de resgate ao ataque hacker em sua operação nos Estados Unidos, que também afetou negócios na Austrália e no Canadá. O custo desses ataques pode ir muito além do pagamento de resgate. A varejista de moda, por exemplo, disse que não efetuou esse pagamento, mas ficou alguns dias sem vender pelo e-commerce.

‘Hacker do bem’

As empresas também estão buscando os chamados “hackers do bem”, contratados para simular um ataque. Eles vasculham vulnerabilidades, fazem o acesso e pegam o máximo de dados que conseguem. A partir daí, a firma tem mapeadas suas fragilidades para poder enfrentá-las.

R7 com Estadão Conteúdo

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Tecnologia

Radiotelescópio Bingo na PB ‘será uma das mais importantes estruturas científicas do Brasil’, diz João Azevêdo

Radiotelescópio Bingo

O governador João Azevêdo falou sobre a instalação do Radiotelescópio Bingo, que está sendo construído na cidade de Aguiar, interior da Paraíba.

No Twitter, o governador comentou a importância do projeto para o desenvolvimento da tecnologia e do turismo no estado.

“O Radiotelescópio Bingo que será construído em Aguiar, no sertão do nosso estado, será uma das mais importantes estruturas científicas do Brasil e colocará o país no mapa das pesquisas sobre a expansão do universo”, disse João Azevêdo.

Foto: Reprodução Twitter

“Também será um equipamento muito importante para promover a interiorização do turismo na Paraíba, além de estimular atividades na área da educação, ciência e tecnologia para os nossos jovens. Por isso nós já estamos discutindo uma parceria para apoiar o projeto”, disse João Azevêdo.

“Só para se ter uma ideia, o radiotelescópio ocupará uma área equivalente à do Maracanã e Aguiar foi escolhida por ser um dos melhores lugares da América do Sul para a sua instalação”, concluiu.

Telescópio Bingo 

Bingo (Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations, em inglês), projeto internacional liderado pelo Brasil, em parceria com outros oito países: China, Coreia do Sul, Reino Unido, França, Espanha, Alemanha, África do Sul e Suíça.

A intenção do telescópio é ajudar a esclarecer dois fenômenos ainda misteriosos da cosmologia e da astrofísica: a energia escura e as rajadas rápidas de rádio (em inglês, fast radio bursts – FRBs).

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Tecnologia

TCU vai aprovar 5G por unanimidade

Foto: Bloomberg / Bloomberg

Quem conhece com a palma da mão a composição do TCU e os humores dos seus ministros garante: o edital do leilão do 5G deve ser aprovado pelo plenário na sessão de hoje, apesar das recomendações em contrário feitas pela área técnica do tribunal.

Isso significa que o leilão da frequência 5G, que deve movimentar R$ 44 bilhões, será realizado ainda este ano, como pretende o ministro Fábio Faria.

Há uma dúvida apenas: há uma pequena chance de o ministro Aroldo Cedraz pedir vista, mas os outros sete votos são certos. Ainda assim, se isso acontecer está previsto que o resto da Corte adiante seus votos favoráveis.

Lauro Jardim- O Globo

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