O fato de Roberto Jefferson (PTB) ter se registrado para disputar a Presidência da República mesmo cumprindo prisão domiciliar e respondendo ao inquérito dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal não é a única bizarrice da chapa do PTB.
O candidato a vice-presidente, que levará nas urnas o nome de Padre Kelmon, também é um personagem enrolado sobre o qual pairam suspeitas.
O baiano Kelmon Luís da Silva Souza, de 45 anos, se diz ortodoxo, mas nunca foi sacerdote das igrejas da comunhão ortodoxa no Brasil. Ainda assim, celebra missas e batismos na Bahia e ganhou notoriedade em grupos conservadores graças ao discurso bélico contra a esquerda.
A despeito de suas frágeis credenciais, já foi recebido pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, o cardeal Dom Orani Tempesta, participou de convocações para os atos golpistas do 7 de setembro no ano passado na condição de religioso e até recebeu um desagravo da deputada Carla Zambelli (PL-SP) nas redes sociais.
Kelmon inclusive aparece de batina na foto que deve figurar na urna eletrônica. Segundo o partido, o baiano foi uma escolha pessoal de Roberto Jefferson.
O suposto padre ortodoxo se diz admirador dos falecidos políticos Levy Fidélix e Enéas Carneiro, usa seu canal no YouTube para denunciar a “islamização” e a “perseguição” a cristãos no Brasil e já foi filiado ao PT.
O padre Gregório Teodoro, membro da Arquidiocese de São Paulo e todo o Brasil da Igreja Ortodoxa Antioquina, assegurou à equipe do blog que Kelmon não guarda qualquer conexão com a comunhão ortodoxa, reiterando não ser de hoje que questionamentos ao ordenamento de Kelmon chegam à sua instituição.
“Posso dizer com absoluta certeza que ele não pertence à Igreja Ortodoxa Antioquina e nem a qualquer das igrejas canônicas do antigo patriarcado ortodoxo”, declarou o sacerdote à equipe da coluna por telefone.
O fato de Kelson nada representar para a comunidade ortodoxa causa espanto, já que o PTB informa no seu site que o baiano foi eleito bispo pelo Santo Sínodo, autoridade suprema da Igreja Ortodoxa, no ano passado.
O Globo
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